Um dos principais nomes da oposição na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Emidio de Souza (PT), ex-prefeito de Osasco, definiu o governador João Doria (PSDB) como “um sujeito de marketing”, durante entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (27). Para Emidio, “as ações [de Doria] são mais voltadas a que resultado de marketing vão ter”.
O ex-prefeito de Osasco criticou a intensificação dos projetos de privatizações e o, segundo ele, estímulo à letalidade policial. “Outra característica [do governo Doria] é um endurecimento na segurança pública, uma polícia mais dura, com mais ‘licença para matar’. Ele estimula, premia, policiais que matam. É um governo comparado ao que há de mais atrasado no mundo”.
Sobre o apoio popular ao endurecimento da ação policial, Emidio avaliou como “natural” e defendeu que o campo progressista apresente alternativas na segurança pública.
“A população quer respostas para a crise de segurança público, no que está certa. A crise da segurança pública é uma crise que apavora as pessoas. Quem tem mais recurso arruma algum jeito de se proteger. Quem acaba sofrendo é o cidadão que é assaltado, tem o celular tomado no ponto de ônibus, é levado o dinheiro do salário dele… As pessoas vivem se apegando a qualquer solução”, analisou. “Se o campo mais democrático não for capaz de oferecer uma solução para a questão da segurança, o que aparece é assim, quanto mais duro melhor. Isso é uma coisa absolutamente ineficiente no mundo inteiro”.
“É uma coisa mais de efeito de marketing, e o Doria é um sujeito de marketing, a história dele é essa, a área de atuação dele é essa. Então, as ações são mais voltadas a que resultado de marketing vai ter”, continuou Emidio. “Por exemplo, quando ele premia policial que mata, ele está fazendo uma ação de marketing; dá armas mais potentes para a polícia, está fazendo uma ação de marketing, o resultado disso é nada em termos de proteção da população”.
“Polícia mais eficiente não é uma polícia que mata mais”
Para o ex-prefeito de Osasco, uma alternativa mais eficaz na área da segurança pública seria maior investimento em prevenção e investigação. “Não acreditamos nesse modelo. Tem que ter uma polícia mais eficiente. Polícia mais eficiente não é uma polícia que mata mais, é a que evita que as coisas aconteçam”.
“Pode ter mortes em confronto? Pode. Mas, primeiro, ela não deve ser comemorada. Não há vitória quando morre alguém. Mas aí falam: ‘mas é bandido…’ No mundo inteiro, isso é atraso. Então, [o ideal é] polícia mais eficiente, com uma capacidade científica maior, uma capacidade de solução de problemas muito maior”, emendou o deputado estadual.

Emidio avaliou ainda que “São Paulo, apesar de ser a polícia mais moderna do país, continua com um vergonhoso índice de que menos de 10% dos homicídios têm autoria descoberta”.
“Não há investimento em preparo científico da polícia. Então, precisamos de mais rigor científico, mais capacidade de análise, polícia investigativa maior”, completou o deputado petista.