O transporte coletivo, desta vez especificamente sobre trilhos, deve voltar à berlinda e fazer ecoar novos protestos no Estado São Paulo. Ao menos é a promessa do Movimento Passe Livre (MPL), uma das organizações da sociedade civil que atuou como estopim das manifestações que nas últimas semanas reverberaram em todo o país. A razão central do ato marcado para 14 de agosto – em conjunto com o Sindicato dos Metroviários – ainda é o custo da passagem (de Metrô e da CPTM), mas sob um enfoque diferente: o do quanto poderia ser menor o valor se não estivesse montado o suposto “propinoduto” (como está sendo chamado) das empresas que controlam as obras no setor.
Há suspeita de desvio de até R$ 400 mi para políticos ligados ao governo do PSDB
O caso veio à tona através de revelações de um funcionário de uma das empresas, a multinacional Siemens, durante investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). O Conselho apurava indícios de formação de carteis nas licitações. Agora, há suspeita de desvio de até R$ 400 milhões em propinas para políticos ligados ao governo do PSDB, além de diretores da CPTM.
Segundo as contas do MPL, o preço das passagens poderia ser de apenas R$ 0,90 se o dinheiro do esquema realmente tivesse sido investido no transporte público. A diferença é significativa, sim, mas está claro que, mais do que pelo valor em si, o protesto será um desabafo dos organizadores e um chamamento à população, já que, até agora, exceto pela matéria inicial da revista IstoÉ, o assunto tem recebido atenção apenas marginal da grande mídia. E, com razão, as entidades consideram esse silêncio preocupante, já que o esquema tem potencial para ser um dos maiores escândalos de corrupção dos últimos tempos.