O Visão Oeste realiza série especial de reportagens sobre os desafios das novas gestões das cidades da região. Leia também sobre os obstáculos de Carapicuíba e Jandira.
William Galvão
Com orçamento municipal 4,63% maior que o do ano passado, o novo prefeito de Cotia, Rogério Franco (PSD), terá R$ 726,9 milhões para gerir a cidade e derrubar obstáculos, como o transporte público caro e precário, acesso limitado à cultura e uma saúde pública que também enfrenta problemas.
Além da reclamação com as filas em hospital e a demora para marcar exames e consultas, Cotia está há 14 dias sem ambulâncias do Samu. No ano passado, a cidade chegou a ficar 15 dias sem o serviço. Quem precisa de socorro, conta apenas com o Corpo de Bombeiros atualmente.
A cidade tem 229,3 mil habitantes e orçamento equivalente a R$ 3,1 mil para ser investido por morador, valor alto se comparado a cidades vizinhas como Carapicuíba, que tem apenas R$ 1,5 mil por habitante.
O município é um dos mais ricos e desenvolvidos da região, apesar da visível desigualdade social. Conta com um setor industrial fértil ao longo da Rodovia Raposo Tavares, uma das principais vias de acesso à Capital paulista, com produtos importantes como materiais elétricos, químicos, cerâmicos, entre outros.
Agricultura
A cidade é a única da região que tem participação significativa da agricultura na economia, com destaques para o cultivo de batata, tomate, milho, feijão, alho e frutas, provenientes de Caucaia do Alto, que tenta se emancipar de Cotia há muitos anos.
Apesar de não ter conseguido, Caucaia possui estrutura de cidade, abrigando escolas, posto de saúde, policiamento e até outros bairros dentro de suas limitações.
De acordo com dados o IBGE, Cotia está entre as 100 maiores economias do país, na 82ª posição, com PIB de R$ 10,1 bilhões ou 0,18% do PIB nacional. A renda per capita do município é de R$ 882,64, abaixo da média regional, de R$ 949,90.
No transporte, preço alto e serviço precário

Recentemente revogada de R$ 4 para R$ 3,60, o preço da passagem dos ônibus municipais em Cotia é uma das maiores críticas da população.
De acordo com o operador de máquina, Juliano Guariendo Diniz, 24, morador do bairro Mirizola, o valor da tarifa não condiz com a baixa qualidade dos ônibus. “Pego ônibus todo dia e já fiquei 40 minutos esperando. É muito caro”.

Bianca Yumi Pelissari Oka, 20, estudante
Ativista na causa da mobilidade urbana na cidade, a estudante Bianca Yumi Pelissari Oka, 20, denuncia o que considera um sistema monopolista do transporte na cidade.
“Os ônibus são precários, o motorista é mau remunerado e exerce a sua e várias outras funções, como a de cobrador e de mediador em confusões dentro do ônibus”, exemplifica.
“Várias regiões contam com frota reduzida e horários que quase nunca são respeitados, quando não são esquecidas e contam apenas com as linhas intermunicipais, apesar de fazer parte do território municipal, como nos bairros do Caputera e de Caucaia”, completa ela.
Rodeio e falta de acesso à cultura

Para atrair turistas, Cotia conta com o maior templo budista da América Latina, o Zu Lai. Já na Cultura, Cotia possui poucas opções para a população. Segundo o educador social José Francisco Rossi Neto, 30, a agitação cultural da cidade é feita essencialmente de modo independente. “O diálogo não se estendeu até o poder público”, avalia.

Famoso por trazer grandes artistas sertanejos do cenário nacional e atrair milhares de pessoas de cidades vizinhas, o rodeio de Cotia é o maior evento cultural promovido com o apoio da prefeitura anualmente.
“É a única opção que o povo tem de lazer no ano todo”, conta Neto. “Ao mesmo tempo que tem espaço pra grandes artistas sertanejos, esse espaço não é aberto para uma dupla caipira da região, por exemplo”.
Do lado privado, a cidade conta com espaços culturais como o Centro Cultural Wurth, o cinema do shopping Granja Vianna, galerias de arte e teatros, a maioria na região da rica Granja Viana.
Na área de lazer, o município conta com o parque ecológico Cemucam, mas que é administrado pela prefeitura de São Paulo.