A coordenadora e uma professora envolvidas em um caso de racismo ocorrido dentro da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (Fito) foram afastadas temporariamente de suas funções, segundo informou hoje (14), o portal “O Globo”. A situação foi denunciada pelos pais de uma criança negra de 7 anos, na última sexta-feira, e gerou revolta.
O vídeo publicado nas redes sociais por Aline Gabriel e Fernando Gabriel ultrapassa 1,6 milhão de visualizações na tarde desta terça-feira. Os relatos são fortes. O casal detalha algumas das situações que o filho vem enfrentando na escola desde o início do ano, quando foi matriculado na instituição particular.
Segundo os pais, o menino, que seria o único aluno negro da turma, chegou a ser excluído de atividades e brincadeiras. Em determinada situação, os colegas faziam votações para decidir se a criança podia ou não participar das atividades, mas que ninguém votava a seu favor, deixando-o de fora.
Aline gravou algumas conversas que teve com o filho. Em um dos áudios, a criança pede para mudar de escola. “Tudo o que eu quero é uma escola que fosse ‘boazinha’ comigo”, desabafa o menino. “A autoestima do meu filho, hoje, não existe. Ele se sente preterido de tudo, questiona-se em relação à cor dele, diz que não quer estudar em um colégio de branco porque nenhum branco gosta dele”, relata o pai, no vídeo.
O casal acusa a professora da criança de omitir a situação. “Uma professora completamente omissa com relação à criança. É uma coisa absurda!”, afirma Fernando. “Sempre na agenda [dele] vinha relatos [da professora] falando que meu filho tinha problemas cognitivos, que ele estava apático na sala de aula […]. Sempre indagando que o meu filho tinha problemas psicológicos”, completou.
Fernando relatou ainda contratou uma psicóloga para fazer um acompanhamento com o menino, que sempre era visto isolado dos demais. “A psicóloga foi na escola, fez um laudo e disse que meu filho não tem nenhum problema psicológico”, pontuou. […] Os alunos o excluíam e a professora não fazia nenhum trabalho de inclusão”, continuou.
“Vamos em todas as instâncias para que a instituição seja cobrada pela negligência que tiveram com a educação do meu filho”, diz ainda a mãe da criança.
No domingo (11), os pais do menino se reuniram com o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos) e receberam todo apoio do gestor. “Contem comigo para apurar e tomar todas as providências cabíveis”, escreveu o prefeito.
Em nota divulgada nas redes sociais, Aline Gabriel ressalta que o filho “está amparado por uma psicóloga com toda a segurança e com uma rede de apoio para se sentir acolhido e minimizando todos os traumas”.
O que diz a instituição
Em nota divulgada pela Fito, na última sexta-feira (10), a instituição diz que está apurando o caso: “A Fundação repudia veemente qualquer ato de racismo ou conduta discriminatória em nossa escola, e reforça o compromisso em combater com todo rigor qualquer suspeita ou indício deste tipo de conduta”.
“Ressaltamos que trabalhamos com afinco para promover um ambiente inclusivo, acolhedor e respeitoso sempre, para todos os alunos e servidores, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, diz o comunicado.
Ainda de acordo com informações do “O Globo”, além de afastar temporariamente duas profissionais envolvidas no caso, a instituição abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.