Após prestar depoimento à Polícia Federal na operação que investiga suspeitos de planejar tentativa de golpe de Estado, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da diocese de Osasco, afirmou, em nota publicada nas redes sociais nessa quinta-feira (7), que a PF “passou a vasculhar conversas do sacerdote com fiéis e religiosos que fazem direção espiritual com ele”.
Segundo o padre de Osasco, a polícia selecionou “frases tiradas de contexto, que nada tinham a ver com a investigação, em mensagens que estão protegidas pelo Sigilo Sacerdotal”, depois que as investigações quebraram a senha do celular apreendido em fevereiro.
Apesar do “espanto” com relação ao acesso da PF às mensagens trocadas com fiéis, o religioso disse que o depoimento transcorreu dentro “dos parâmetros esperados”.
Às vésperas do depoimento, que ocorreu ontem, a defesa do religioso declarou, também em nota, que “o padre não tem qualquer conhecimento jurídico que dê a ele a capacidade de entender e menos ainda de organizar uma ‘minuta de golpe’”, e defendeu a inclusão dele nas investigações como um “equívoco”.
Relembre o caso
A operação da PF, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi deflagrada em 8 de fevereiro. Segundo as investigações, o padre é suspeito de fazer parte de um “núcleo jurídico” do suposto golpe, que também investigava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assessores, aliados, militares e ex-ministros do seu governo.
Segundo Moraes, a função deste núcleo era assessorar e elaborar “minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”. O padre negou qualquer envolvimento no plano golpista.
À época da operação, que culminou na apreensão de celular, computador e passaporte de José Eduardo, o padre de Osasco chegou a pedir doações via Pix aos fiéis também nas redes sociais, onde tem 422 mil seguidores.