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Debate acirrado na Alesp revela divergências sobre o projeto Nova Raposo

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Foto: Alesp

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou nesta quarta-feira (4), audiência pública que colocou em debate o projeto de concessão do sistema rodoviário do Lote Nova Raposo, vencido pelo consórcio EcoRodovias, com investimentos projetados em R$ 8 bilhões para os próximos 30 anos. O encontro reuniu representantes governamentais, especialistas e sociedade civil para discutir os aspectos técnicos e os potenciais impactos do empreendimento.

O secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, defendeu o projeto como solução estratégica para melhorar a mobilidade e segurança viária. Segundo ele, a principal proposta é separar o tráfego rodoviário do urbano, reorganizando o trânsito mediante obras estruturantes como alças, marginais e túneis, com foco específico na redução de acidentes automobilísticos.

A diretora da Companhia Paulista de Parcerias, Raquel França Carneiro, ressaltou que o projeto resulta de estudos técnicos desenvolvidos ao longo de dois anos, com participação de consultores do Banco Mundial. Ela destacou que o modelo de concessão representa uma solução técnica e econômica que promete maior fluidez no tráfego e potencial redução de tarifas.

Em contraposição, representantes do movimento “Nova Raposo, NÃO” apresentaram críticas significativas. Sérgio Reze, porta-voz do movimento, argumentou que o projeto desconsidera diretrizes de planejamento urbano, ao não investir em transporte coletivo, e representa riscos substanciais para mananciais e áreas de preservação. “O impacto de implementar um projeto rodoviarista dentro de áreas urbanas será tremendo”, afirmou, destacando preocupações com a transformação do cotidiano das comunidades locais.

Para o vereador eleito de Cotia, Silvio Cabral (PSD), expandir vias para carros não vai resolver o problema da mobilidade na Região Metropolitana. Na visão do parlamentar, com o foco em rodovias o congestionamento será inevitável.

Os parlamentares da Alesp também se manifestaram diversificadamente. O deputado Enio Tatto (PT) defendeu que projetos viários devem contemplar demandas das comunidades desapropriadas, enquanto Paulo Mansur (PL) enfatizou a necessidade de grandes obras de infraestrutura, ressaltando a importância de garantir indenizações justas.

O diretor da Artesp, André Isper, complementou que o modelo de concessão permite ajustes durante sua execução, e que o projeto executivo com detalhamento completo das intervenções será posteriormente apresentado pela EcoRodovias.

A audiência evidenciou que, além dos aspectos técnicos e econômicos, o projeto da Nova Raposo envolve complexas dimensões sociais e ambientais, demandando contínuo diálogo entre poder público, concessionária e sociedade civil.