O Visão Oeste realiza série especial de reportagens sobre os desafios das novas gestões das cidades da região.
Carol Nogueira
Osasco acaba de completar 55 anos, mantendo a posição de 8° maior PIB (Produto Interno Bruto), que representa 1,01% da riqueza nacional e 2° maior economia do estado. Apesar dos índices, a maior cidade da região, com 696.382 habitantes e vizinha da capital paulista enfrenta grandes problemas com segurança.
Segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, em 2016 foram registrados 9.229 roubos e 6.415 furtos.
Para o estudante Leonardo Vinhó, 19, morador da Vila Osasco a crise econômica traz mudanças na vida cotidiana, aumentando a criminalidade, sobretudo, assaltos e furtos. “Ano passado enquanto voltava da escola à noite, fui assaltado e levaram meu celular na rua Primitiva Vianco. A poucos metros dali, havia uma viatura da PM e dois policiais a pé, que não fizeram nada”, contou.
GCM tem cerca de 250 guardas ativos
Apesar da segurança pública ser uma competência do Estado, as prefeituras têm a Guarda Civil Municipal, que atuam de forma complementar. Atualmente, Osasco tem cerca de 250 guardas ativos, oito bases comunitárias e deve ganhar um grupo de “elite”, a Ronda Ostensiva Municipal (Romu) para operações especiais, segundo o secretário de Segurança, Valdeci Magdanelo.
Poucos profissionais e atendimento ruim na Saúde
A saúde é um dos grandes problemas das cidades e em Osasco, o ano começou com o déficit de aproximadamente 300 profissionais na rede, segundo a prefeitura. Com um orçamento de R$ 583,6 milhões para a área, o prefeito Rogério Lins tem o desafio de contratar mais médicos e investir em melhorias na área.

A munícipe Elen de Jesus, 23, moradora do Jardim Veloso, passa apuros com sua filha toda vez que vai ao Pronto-Socorro infantil do Hospital Central Antonio Giglio. “É um descaso total. Em novembro, minha filha ficou internada 15 dias e passava horas sem comer, porque ela tem intolerância à lactose e a equipe se negou a fazer vitamina pra ela. Disseram que, se eu quisesse, tinha que comprar as frutas e fazer”, relata. “O atendimento é péssimo. Outra vez, a médica negou atendimento a minha filha e outra criança que estava aguardando, porque estava muito estressada”, relatou.
Ao todo, a cidade tem 34 Unidades Básicas de Atendimento (UBSs), três Pronto-Socorros, duas Policlínicas e dois hospitais, sendo uma maternidade. De acordo com os dados do Ministério da Saúde e Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a cidade possui 0,88 leito no SUS (Sistema Único de Saúde) disponível para cada mil habitantes.

Artistas reivindicam execução do Plano Municipal de Cultura
Aprovado em 2015, o Plano Municipal de Cultura não foi cumprido. Elaborado pela Secretaria de Planejamento e Gestão e o Conselho Municipal de Política Cultural (Comcultura), tem validade de dez anos. O documento visa o desenvolvimento e preservação das expressões culturais e sua descentralização.
Para o produtor cultural Gabriel Youko, o maior empecilho para execução é o desconhecimento por parte da população e da administração pública. “Mas graças aos militantes culturais, artistas e produtores da cidade, houve um empoderamento social através da informação, tornando a população ciente de que o Plano Municipal de Cultura é lei e deve ser executado. E, através disso, houve e haverá grande cobrança para que ele se efetive”, disse.
Na região, só Jandira desenvolve ações através do Conselho e utiliza o Fundo Municipal de Apoio à Cultura, por meio de editais de ocupação de espaços com remuneração dos artistas.
Burocracia para ocupação de espaços culturais e falta de incentivos
O produtor cultural Gabriel Youko destaca ainda a falta de oportunidades e dificuldades para apresentações nos espaços culturais da cidade, como o Teatro Municipal, Espaço Cultural Grande Otelo, entre outros.
“Produzir na cidade sempre foi um problema. Ora pela falta de fomento, ora pela dificuldade de acesso aos espaços culturais, sem contar a ‘política do grupismo’. Chega ser humilhante os convites por parte da Prefeitura para que artistas se apresentem de graça, com o discurso de que é ‘uma grande oportunidade para se divulgar o trabalho’. Isso torna claro que não há um reconhecimento da atividade cultural e artística como trabalho”, afirma.
Transporte caro e demorado
Em dezembro de 2016, a passagem dos ônibus municipais em Osasco subiu de R$ 3,80 para R$ 4,20 (alta de 10,5%). A munícipe Miriane Severo acha o valor muito caro para pouca oferta e trajeto percorrido.
“Acho que devia ter mais linhas de ônibus. A linha que eu pego, que vai para o Cirino, demora até uma hora. Outro ponto, é que a condução vem muito cheia. É cansativo pegar um ônibus lotado todos os dias na hora de voltar pra casa”, lamenta.