Ao longo dos últimos anos, o brasileiro aprendeu a amar a Petrobras. A empresa ganhou visibilidade e importância como projeto nacional. Passou de uma desejada vaga de emprego, de “carreira estável”, a um modelo de empresa forte, da qual qualquer trabalhador podia tornar-se sócio. Muitos trabalhadores se beneficiaram quando decidiram investir nela uma parcela do fundo de garantia. Outra parte perdeu algum tempo depois, com a queda de valor das ações (sim, o mercado tem dessas coisas).
“Há uma agenda política em curso, que apela ao catastrofismo”
Nos últimos dez anos a empresa consolidou-se como líder mundial em tecnologia de exploração petrolífera em águas profundas. Com o pré-sal, virou símbolo de um Brasil que tem capacidade e encara desafios. Mesmo tendo sido, há não muito tempo, ameaçada de virar Petrobrax. Como empresa estratégica, resistiu a diversas tentativas de privatização. Mesmo rumo que não teve, por exemplo, a pujante Cia. Vale do Rio Doce, repassada ao setor privado por FHC em 1997 pela bagatela de R$ 3,3 bilhões, preço estimado em um décimo de seu real valor.
Por isso, neste momento delicado, é preciso bastante cautela ao avaliar as pressões. Há uma agenda política em curso, que apela ao catastrofismo. Mas a sociedade tem que ficar alerta, porque há grandes riscos em jogo, e um deles é certamente o oportunismo de grupos internacionais aos quais interessa depreciar o valor da petrolífera para, quem sabe, arrematá-la mais adiante.
O valor da Petrobras cresceu de US$ 15 bilhões em 2002, para US$ 110 bilhões em 2014. Diante disso, é preciso concordar com a Federação Única dos Petroleiros (FUP) quando sugere, em nota à futura nova diretoria da empresa, que deve ser eleita nesta sexta, 6, que não vacile diante de pressões indevidas e não se sujeite “a lógica dos interesses privados que representam objetivos conflitantes com os da empresa e do país”.