O país virou um barril de pólvora nos últimos dias. O clima de fla-flu da política nacional se acirrou e atingiu níveis preocupantes. Negando uma nomeação com objetivo de “blindar” o ex-presidente, debaixo de severas críticas da oposição e atraindo a ira de uma parcela da população, o governo busca reagrupar suas forças na figura histórica de Lula.
O novo ministro chega à Casa Civil com a difícil missão de consolidar a base de apoio, desarticular o impeachment e promover a retomada do crescimento. Mas chega também enfrentando uma batalha jurídica que tenta impedi-lo de tomar posse, ainda que nem mesmo tenha sido tornado réu em qualquer processo. Isso sem falar do massacre midiático, cuja programação diuturna passou a ser a de expor vazamentos de grampos telefônicos, dele e pessoas próximas, em conversas que supostamente indicariam algum ilícito.
Claro, é preciso apurar se houve alguma ilicitude em qualquer conversa. Mas na busca frenética por brechas nesta que está se mostrando uma verdadeira caçada a Lula, o juiz Sergio Moro pode, ele próprio, ter cometido ilícitos. Há quem o acuse de haver vazado gravações não autorizadas para incitar as massas e inflar protestos.
Fato é que quando a justiça faz política, instaura-se a instabilidade jurídica. Fica ainda pior o clima de enfrentamento neste momento em que grupos opostos vão às ruas defender seus ideais.
Há de se buscar tolerância e sabedoria. Que a PM garanta, nesta sexta, 18/03, a mesma tranquilidade aos manifestantes que garantiu em 13/03. Mas, principalmente, que os brasileiros tenham paz de espírito para buscar, nos recursos da democracia e do diálogo, os caminhos para resolver essa grave crise.