Trabalhadores metalúrgicos de Osasco e região realizam nesta sexta-feira (18) um protesto em frente ao terreno onde funcionou por anos a Cobrasma, e atualmente sedia a Companhia Brasileira de Ferro e Aço (CBFA), na região central da cidade, contra a desindustrialização e o risco do aumento de desemprego no setor.

De acordo com o Sindicato que representa a categoria, ao menos 2.500 postos formais de trabalho podem ser fechados nos próximos meses em Osasco, e parte deles estariam dentro e nos arredores do terreno que foi da Cobrasma, arrematado em leilão em agosto deste ano.
O terreno fica na Rua Professor Luis Eulálio de Bueno Vidigal, no Centro de Osasco, onde há 56 anos soou o apito que deu início à greve de 1968.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Gilberto Almazan, o Ratinho, dos 2.500 postos de trabalho que estariam em risco, aproximadamente 2.000 estão vinculados à indústria de transformação, que possui na região empresas em destaque como Meritor do Brasil Sistemas Automotivos Ltda., Falcon Estaleiros do Brasil Ltda e Belgo Bekaert Arames Ltda.
Entenda o caso
A Cobrasma teve a sua sede, em Osasco, arrematada no valor de quase R$ 200 milhões para cumprir determinação de ação trabalhista que está em andamento desde 1996. A empresa, no entanto, entrou com recurso no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e reclama a existência de vícios na alienação judicial, entre eles o preço de avaliação do imóvel.
Meses depois, a Câmara Municipal de Osasco aprovou a mudança no zoneamento onde fica o terreno, passando de área industrial para mista. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, tal mudança “pode provocar a saída de indústrias importantes da cidade, e prejudicar a chegada de novas”.
“O Sindicato também entrou com recurso na Justiça por uma questão social, já que, a depender do uso do terreno, milhares de vidas podem ser afetadas direta e indiretamente”, informou a entidade.
Um levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a pedido do sindicato, mostra que, entre 2011 e 2023, o número de trabalhadores na indústria de transformação passou de 31.755 para 18.125, ou seja, foram fechados 13.630 postos de trabalho que significou uma diminuição de 42,9% no número de trabalhadores.
O mesmo estudo mostra que “a massa salarial dos trabalhadores da indústria de transformação de Osasco em dezembro de 2011, atualizada aos preços de 2024 seria de R$ 153,8 milhões, enquanto os valores registrados em dezembro de 2023, também atualizado, indica R$ 81,3 milhões”, indicando menor arrecadação do setor para a cidade.
Os metalúrgicos afirmam que o protesto desta sexta-feira tem como principal objetivo alertar a população e as autoridades sobre tal situação do setor industrial na cidade. “A preservação do terreno da Cobrasma deve ser uma questão de interesse coletivo. Todos precisam se envolver nessa luta contra a extinção de empregos de qualidade e da memória histórica da cidade, que já foi conhecida pelo seu polo industrial e resistência operária a ditadura civil-militar”, finaliza Almazan.