A Granja Viana, um bairro nobre e populoso de Cotia, na Grande São Paulo, tem enfrentado uma crescente sensação de insegurança. Conhecida por suas áreas verdes e por abrigar diversos condomínios e bairros fechados, a região tem registrado uma série de casos de roubos e furtos, preocupando seus moradores.
No mês passado, uma residência no bairro foi invadida por uma quadrilha que chegou a amarrar os moradores e fugir com o carro da família. Recentemente, quem também teve a casa invadida por criminosos foi o cantor Projota, outro morador da região. E os crimes se repetem.
De acordo com relatos de quem reside na área, a sensação de que a segurança não é mais garantida nem mesmo dentro dos condomínios. Muitas vezes, a vigilância nesses espaços depende de empresas terceirizadas, que nem sempre possuem o treinamento e os recursos adequados para lidar com a crescente demanda por proteção.
Moradores da Estrada Velha de Sorocaba, por exemplo, têm vivido em constante apreensão ao entrar e sair de suas casas. Fábio*, síndico de um condomínio da região, relata que têm buscado soluções para melhorar a segurança na rua, inclusive solicitando a instalação de um totem de vigilância no ponto mais crítico. Contudo, o projeto está parado por questões técnicas.
“Participo das reuniões do Conseg (Conselho de Segurança) no município e, junto com outros síndicos, tentamos encontrar alternativas para trazer mais tranquilidade à nossa rua. Mas é difícil. Estamos enfrentando uma situação de insegurança que está além de nossas capacidades. O aumento da criminalidade é claro, e os recursos disponíveis para garantir nossa segurança são insuficientes diante da crescente demanda. Câmeras e rondas são importantes, mas não têm conseguido impedir os assaltos”, lamenta Fábio.
Ele também destaca que o custo de melhorar a segurança tem sido um desafio financeiro para os moradores. “Aumentar o número de câmeras, reforçar as rondas e capacitar as equipes de vigilância exigem investimentos consideráveis. Estamos constantemente buscando alternativas, mas é um esforço que precisa ser coletivo e, acima de tudo, contar com o respaldo do poder público”, completa.
Em outro condomínio da região, a situação é igualmente preocupante. Sônia*, síndica de um conjunto de casas na Rua Damasco, relata que os condôminos têm sido abordados no portão de entrada. “Em um intervalo de exatamente um mês, moradores foram roubados ao parar o carro em frente ao portão.
Pelas câmeras de segurança, é possível ver que são os mesmos assaltantes em ambas as ocorrências”, conta. A situação reflete a fragilidade da infraestrutura de segurança da região, que ainda conta com poucos pontos de policiamento e efetivo nas ruas.
Reações e medidas de combate à criminalidade
Além das tentativas de reforçar a segurança dentro dos condomínios, a comunidade tem se mobilizado para combater a crescente criminalidade. Grupos de moradores têm se reunido para discutir estratégias de segurança, como a criação de uma rede de vigilância comunitária e a implementação de sistemas de alarme compartilhado. Algumas iniciativas ainda estão em fase de planejamento, mas a ideia de uma maior integração entre os vizinhos têm ganhado força.
Com a chegada do fim de ano, a sensação de insegurança se intensifica. A Granja Viana vive um momento de tensão, em que o medo de assaltos e furtos se mistura com a impotência de quem paga altos custos para viver em um bairro que se presume seguro. A vulnerabilidade, inclusive dentro dos condomínios, onde a segurança deveria ser mais eficaz, tem levado os moradores a buscar alternativas, como reforços de segurança privada e iniciativas comunitárias.
Residentes do bairro reforçam, no entanto, que a insegurança não será resolvida apenas com investimentos pontuais, mas sim com uma atuação coordenada entre os moradores, a polícia e o poder público. “É necessário mais investimento em infraestrutura de segurança pública, além de políticas públicas mais efetivas para garantir a tranquilidade dos cidadãos”, afirma um morador que não quis ser identificado.
As festas de fim de ano, tradicionalmente uma época de celebração, se tornaram também um lembrete de que, para muitos, o verdadeiro presente seria a volta à sensação de segurança que a Granja Viana já foi capaz de oferecer no passado. A esperança agora é que o problema da insegurança seja enfrentado de forma mais eficaz, com mais recursos, mais colaboração e, acima de tudo, mais ação efetiva por parte de todos os envolvidos.
*Fábio e Sônia são nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.
