O acidente que deixou Maria Graciete Alves Araújo, de 37 anos, com a perna amputada, em maio de 2024 na Alameda Rio Negro, em Alphaville, deixou sequelas além das físicas na vítima.
O acidente ocorreu durante uma disputa de velocidade entre dois carros de luxo, de acordo com testemunhas, e acabou atingindo a motocicleta que transportava Maria Graciete como passageira. O impacto foi tão forte que resultou na amputação de sua perna. Na ocasião, o motorista do carro, Carlos André Pedroni de Oliveira, assumiu em depoimento à polícia que estava arrependido por não ter prestado socorro às vítimas, enquanto o outro motorista envolvido no acidente, Roberto Viotto, também foi ouvido pela polícia.
Hoje, mais de seis meses do ocorrido, Maria Graciete vive um processo intenso de recuperação e adaptação a uma nova realidade. Segundo Graciete, na adaptação ela enfrenta desafios físicos, emocionais e financeiros que se misturam. Ela descreve a experiência com um sentimento de “desamparo”, pois, apesar do sofrimento, ainda não recebeu nenhum apoio da parte dos responsáveis pelo acidente nem da empresa de transporte por aplicativo envolvida.

Fisicamente, Maria tem superado dificuldades diárias. O desejo de retomar sua liberdade e voltar a andar nunca se esvaiu, e ela luta pela conquista da prótese definitiva. “O processo de recuperação foi difícil, desconfortável, a vontade de desistir era constante, mas Deus me fortalecia para não parar”, relata. “Vi muitas pessoas desistindo, mas minha vontade de conquistar minha liberdade de voltar a andar era maior do que todos os desafios que surgiam.” O processo de reabilitação ainda está em andamento e, apesar das dificuldades, ela se apega à esperança e ao apoio de familiares, amigos e a sua comunidade religiosa.
A perda da perna, como ela mesma diz, não foi em vão. “Perdi a perna, mas ganhei a vida”, afirma com gratidão. A partir dessa perspectiva, Maria Graciete lida com sua nova realidade, enfrentando desafios como subir escadas e rampas e, ainda, o medo de andar sozinha em calçadas irregulares. A adaptação à prótese provisória foi um passo importante, mas ela ainda aguarda a prótese definitiva.
Além disso, ela compartilha uma reflexão sobre a segurança no trânsito, especialmente em relação aos motoristas de aplicativos de transporte. Ela defende que as leis de trânsito precisam ser mais rígidas para garantir a segurança de todos. “Eu sempre falo que as leis de trânsito precisam ser mais rígidas, não só para as motos, mas no geral, porque no meu caso a culpa não foi do motorista da moto, e sim de um irresponsável que estava em uma Mercedes, apostando racha em uma velocidade de 120 km/h em uma via de 40 km/h.”
Maria também pede mais responsabilidade aos motoristas. “Respeitem e dirijam com responsabilidade pela vida do outro, pois quem você atropela em um ato irresponsável, às vezes bêbado e com a velocidade acima do permitido, pode ser um de seus parentes.”
Maria Graciete atualmente recebe auxílio do INSS, por meio do benefício de auxílio-doença, o que tem ajudado a suprir suas necessidades financeiras enquanto se recupera. No entanto, ela tem o objetivo de voltar a trabalhar o quanto antes e se vê diante de uma realidade desafiadora, pois terá que mudar de profissão devido às limitações impostas pela perda da perna. Mesmo com essa mudança, Maria mantém a esperança e determinação de retomar a sua independência financeira.

A história de Maria Graciete é um lembrete de que a vida pode mudar repentinamente. No entanto, ela continua a acreditar que, mesmo em meio ao sofrimento, há espaço para milagres e para a esperança. Para ela, a recuperação é um processo contínuo e a luta pela independência permanece a sua maior meta. “O objetivo é conseguir a prótese definitiva com o rotador, que me dará a independência de chegar perto da liberdade que eu tinha antes”, afirma.
Ela se recusa a deixar que o acidente defina sua vida para sempre. E, enquanto isso, ela conta com sua rede de apoio – amigos, familiares e a comunidade da igreja – para seguir em frente.
Além disso, Grazi está escrevendo seu livro, A Vida Muda em 4 Segundos e Meio, onde ela compartilha suas experiências e aprendizados após o acidente, refletindo sobre a importância de valorizar cada momento e a resiliência diante das adversidades.
O caso de Maria também levanta questões importantes sobre a falta de assistência das empresas responsáveis pelo acidente e sobre a necessidade de um maior compromisso com a segurança no trânsito. A conscientização e a mudança de atitudes são essenciais para evitar que tragédias como a de Maria se repitam.
Vale ressaltar que, apesar de ser conhecida por muitos como Grazi, há confusão entre seu nome de Instagram e o nome completo. “O pessoal sempre me procura como Graciete no Instagram, mas na verdade não existe essa conta, então é só procurar por Grazi mesmo”, conta ela.
O futuro de Maria Graciete continua a ser escrito passo a passo, com fé, perseverança e a esperança de que sua luta inspire outras pessoas a não desistirem, mesmo diante dos maiores desafios.