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por Carapicuíba”, afirma Jaques Munhoz / Foto: Eduardo Metroviche
Leandro Conceição
O pente fino realizado pela Prefeitura por meio do Cartão Barueri deve afetar cerca de 1.300 crianças que estão matriculadas nas maternais da cidade e vivem em municípios vizinhos, segundo o vice-prefeito e secretário de Educação, Jaques Munhoz. Elas não vão poder ser rematriculadas para o ano que vem.
“Nas maternais temos 6.800 crianças, 1.300 de fora [da cidade] não serão rematriculadas. [Com isso] são 1.300 vagas nas maternais para crianças de Barueri”, afirmou Jaques, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 7.
A princípio, a medida não deve afetar estudantes “forasteiros” que estão no ensino fundamental ou na Fieb. A Prefeitura informa que eles poderão concluir os cursos em andamento. Depois, não vão poder ser matriculados novamente na rede.
Em fase de cadastramento, o Cartão Barueri vai restringir o acesso à maioria dos serviços municipais para quem mora na cidade.
A Prefeitura diz que vai manter o atendimento a vizinhos, “por determinação de lei federal”, apenas nos Pronto Socorros. Já matrículas na educação, cadastro em projetos habitacionais e de assistência social, retirada de remédios e realização de exames na saúde vão requerer o Cartão Barueri ou comprovação de residência.
Jaques negou que o objetivo seja “segregar”. A intenção, disse, é investir a verba usada com os “forasteiros” para melhorar o atendimento a quem vive no município. “Barueri é responsável por Barueri, Carapicuíba por Carapicuíba, São Paulo por São Paulo”.
Além disso, o Cartão “faz parte de um projeto de informatização de toda a cidade. Vai reunir dados do atendimento ao munícipe em áreas como educação, saúde, habitação”.
Números
Barueri tinha 1,2 milhão de cadastros de moradores, segundo a atual administração municipal
A cidade tem 248 mil habitantes, de acordo com o IBGE
40% dos que tentam fazer o Cartão são de fora da cidade, segundo a Prefeitura
20% dos estudantes da rede municipal de Barueri são de outras cidades, segundo a Prefeitura
300 pessoas usavam uma casa no bairro Engenho Novo como endereço
78 pessoas usavam o prédio da Prefeitura como endereço
“Nossos cadastros são de lá desde 1990”, diz carapicuibano
O entregador Adalberto Oliveira, 40, mora na Vila Lourdes, Carapicuíba. Mas conta que sempre procurou atendimento em Barueri. “Meus filhos estudaram lá. Na saúde, sempre fomos atendidos lá. O atendimento daqui é ruim e lá eles têm estrutura”. Ele diz que sua família usa o endereço de parentes que moram em Barueri. “Nossos cadastros são de lá desde 1990”. Ele vê com receio o “fechamento de portas” baruerienses. “Espero que, com isso, a Prefeitura melhore o atendimento aqui”.
Morador do Jd. Tucunduva, o mecânico Eliseu Veles, 61, conta que ele e parentes já usaram a rede de saúde vizinha. Apesar disso, considera “justa” a decisão de Barueri: “O atendimento daqui deveria ser igual ao de lá. Cada cidade tem que cumprir sua obrigação, não sobrecarregar a outra”.
Emancipada de Barueri há 48 anos, Carapicuíba é tradicionalmente apontada como “exportadora” de pacientes e alunos a municípios vizinhos. O prefeito carapicuibano, Sergio Ribeiro já minimizou o Cartão Barueri e disse que a vizinha exerce um direito legítimo. Já um grupo de vereadores criticou: “Carapicuíba está sobrevivendo por conta de Osasco e Barueri. Mas agora, Barueri está fechando as portas”, discursou Paulo Xavier (PSDB), em sessão.