Valter Pomar
Historiador e dirigente do PT.
A prisão de Dirceu, Genoíno e Delúbio resume, de maneira exemplar, certos dilemas estratégicos da esquerda brasileira. A prisão foi realizada antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar os embargos apresentados pelos três. O processo não transitou em julgado.
Mesmo concluído o processo, a pena deveria ser cumprida em regime semi-aberto. Mas a ordem de prisão omitia isto, motivo pelo qual começaram a
cumprir pena em regime fechado. Apesar de os três residirem em São Paulo, foram transferidos de avião para o presídio da Papuda, em Brasília. O adequado teria sido ficarem desde o início em local próximo a sua moradia e familiares.
No caso de Genoíno, cujo estado de saúde é grave, o correto teria sido a prisão
domiciliar. Estas e outras arbitrariedades são usuais no caso da maior parte da população carcerária. E o ocorrido deve nos fazer lembrar o quanto ainda deve mudar este país, para que o sistema judicial e prisional não tratem as pessoas de acordo com sua posição de classe.
Entretanto, a arbitrariedade aplicada a “petistas ilustres” não é prova de que a justiça é cega, mesmo quando injusta. Casos similares e recentes comprovam
o contrário. Pessoas acusadas de crimes similares, mas pertencentes a outros
partidos, estão recebendo tratamento privilegiado.
Por isto, independentemente da opinião que tenhamos sobre cada um deles, sobre o que fizeram ou deixaram de fazer, sobre se mereciam ou não algum
tipo de punição, a verdade é que foram julgados, apenados, condenados e presos como foram por serem petistas, porque isto permite atingir o PT.