A recente tragédia no estádio de Oruro, na Bolívia, na partida entre Corinthians e San José pela Copa Libertadores, traz de volta toda a velha discussão sobre as torcidas organizadas e seu papel na violência nos estádios. Tite, técnico do Corinthians, tem razão de chorar a morte do garoto Kevin Espada, de apenas 14 anos, atingido por um sinalizador, supostamente disparado por integrantes da torcida corintiana.
O Brasil, que já foi considerado o melhor futebol do mundo, vai assim deixando seu brilho ser ofuscado pelo sombrio comportamento dos terríveis hooligans, o grupo de torcedores que assombram os embates esportivos na Europa. Massa ensandecida? Impunidade? Falta de consciência? Sim, tudo isso e muito mais, resumido numa única expressão: estupidez humana.
Quantos filhos deixaram e ainda deixarão de frequentar os estádios?
Quantos filhos deixaram e ainda deixarão de frequentar os estádios, reduzindo o futebol, cada vez mais, a apenas xadrez de cartolas e contratos televisivos milionários, para longe do que já foi a proveitosa e compartilhada diversão familiar?
Podemos louvar os esforços do Grêmio Esportivo Osasco, com sua bem sacada distribuição de “kits bebês” aos osasquenses recém chegados – esforços marqueteiros, é fato, mas ainda assim imbuídos do mais salutar espírito esportivo. Mas episódios como este, em Oruro, nos fazem lembrar que é ainda mais importante a torcida – e a ação – contra a estupidez humana. Só assim vamos garantir que esses novos torcedores possam aproveitar boas horas de diversão e lazer nos estádios brasileiros, ainda mais com uma Copa do Mundo que se avizinha.