Terminou há pouco a sessão solene em homenagem aos 50 anos das greves de Osasco (SP) e de Contagem (MG), realizada na Câmara dos Deputados, por iniciativa do deputado Valmir Prascidelli (PT-SP).
Autoridades, protagonistas das greves e dirigentes dos sindicatos metalúrgicos de Osasco e Contagem estiverem presentes. Entre eles, João Joaquim Silva, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, em 1968, membro da diretoria que foi cassada em represália ao movimento.
“É um momento de muita emoção, vem tanta imagem na cabeça da gente. Não dá para esquecer lideranças importantes como José Ibrahin”, lembrando o então presidente do Sindicato.
Em 1968, José Ibrahin e Pedro Tintino foram até Contagem, conhecer a experiência da greve realizada em abril, conhecimento que contribuiu com a Greve em Osasco, em julho daquele ano.
Hoje, novamente, as lideranças se reuniram para fortalecer a aliança contra o retrocesso atual, que retira direitos. Entre elas, os presidentes Jorge Nazareno (Osasco) e Geraldo de Araújo (Contagem), que recuperou a história do movimento mineiro.
Jorge cobrou que o parlamento brasileiro revise a reforma trabalhista. “É inaceitável que este parlamento tenha aprovado uma reforma trabalhista como aprovou. A nossa luta é para que possamos revisar isso, que cada deputado vá a campo consultar suas bases e ver o que elas pensam disso”, defendeu.

O deputado Valmir Prascidelli foi na mesma direção. “[A sessão solene] é uma singela homenagem, mas muito importante que prestamos aos protagonistas das greves de Osasco e de Contagem, que paralisaram e ocuparam as fábricas e levaram ao mundo o grito contra a ditadura. Neste momento de grande retrocesso, nós precisamos além de homenagear, dar apoio para aqueles que lutam e defendem suas entidades”.
Também participaram os deputados Erika Kokai (PT), Jô Moraes (PCdoB), Vicentinho (PT).
A Greve de Osasco
Em 16 de julho de 1968, o famoso soar do apito da Cobrasma, às 8h30, foi a senha para que 2 mil trabalhadores cruzassem os braços e iniciassem a ocupação da empresa, sob o comando da comissão de fábrica.
Colocavam em prática um plano motivado pela indignação com as condições de trabalho e com a ditadura civil-militar, alicerçado na organização de base e arquitetado a muitas mãos: Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Frente Nacional do Trabalho, padres operários, operários estudantes, comissão de fábrica.
Ainda no dia 16, o movimento se alastrou para a Lonaflex e, no dia seguinte, chegou a Braseixos, Barreto Keller, Fósforos Granada, Brown Boveri e se tornou um exemplo para todo o Brasil, fazendo de Osasco referência nacional na luta dos trabalhadores. Somente dez anos depois é que os trabalhadores conseguiram se organizar novamente num forte movimento de resistência, no ABC paulista.
Repressão
A mobilização dos trabalhadores foi duramente reprimida pela ditadura militar, que, para isso, se valeu de sua associação com as empresas. Trabalhadores foram presos, torturados, seus nomes foram colocados em listas sujas.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região sofreu a segunda intervenção, em 18 de julho de 1968.