O Visão Oeste realiza série especial de reportagens sobre os desafios das novas gestões das cidades da região. 

Carol Nogueira

Itapevi é a última cidade da linha do trem que liga a Região Metropolitana de São Paulo à Capital Paulista. Com acesso às Rodovias Castello Branco e Raposo Tavares, o município enfrenta problemas com enchentes, mobilidade urbana, insegurança e saúde.

Nos meses de verão, com o aumento do volume de chuva, os moradores de Itapevi enfrentam obstáculos em áreas como a região central da cidade, que alaga, deixa pessoas ilhadas e causa prejuízos à população.

“Nesses dias que choveu, eu fiquei ilhada na praça de alimentação do Itashopping”, conta a funcionária pública Roseli Cabral, 57.

Para ela, além do poder público, a população também deve fazer sua parte, e não jogar lixo na rua, para ajudar a diminuir os alagamentos.“Outro dia estava passando pelo Centro, vi um pai com o filho, a criança perguntou onde jogava o papel e o pai disse que podia ser no chão”.

Ações a curto prazo

Diante do drama das enchentes, nas primeiras semanas de janeiro, o prefeito Igor Soares (PTN), decretou situação de emergência no município. A medida tem duração de 90 dias e permite a utilização de um crédito suplementar no valor de R$ 1 milhão para custear ações preventivas, como a retirada de objetos nos córregos e rios, que podem ocasionar as enchentes.

Munícipes reclamam de congestionamento e do valor da passagem

Com aumento de R$ 3,80 para R$ 4,20 no valor da tarifa, usuários do transporte municipal apontam falhas no planejamento

Para o fotógrafo Wesley Rocha, 22, Itapevi sofre com a falta de planejamento, gerando frequentes congestionamentos. “O Centro, por exemplo, não é preparado para o fluxo de pessoas e automóveis que circulam na região. É necessário discutir um planejamento urbano junto com a população e empresários”, avalia. Para ele, a cidade precisa da “construção de novas vias que sirvam de alternativa”.

“É necessário discutir um planejamento urbano juntamente com a população e empresários, apresentando propostas que visem a melhora da mobilidade urbana, como construção de novas vias que sirvam de alternativa para desafogar o centro”. Wesley Rocha, 22, fotógrafo e morador do Parque Suburbano

Segundo o Ministério das Cidades e Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), até outubro de 2016, o município registrou 89.335 veículos.
No transporte público municipal, no começo do ano o valor da tarifa subiu de R$ 3,80 para R$ 4,20 e os usuários reclamam que o valor é alto, ainda mais diante das queixas sobre a qualidade do serviço prestado.

“Sou morador do Parque Suburbano e o trajeto de ônibus fica a 10 minutos de distância da estação de Itapevi. Nas linhas intermunicipais, que possuem o trajeto em torno de 1h, a passagem custa, em média, R$ 4,50”, relatou Wesley Rocha.
Ele ainda sugere alternativas para melhorar a mobilidade, como a construção de ciclovias e ciclofaixas.

Insegurança deixa moradores apreensivos

A insegurança nas ruas deixa os moradores apreensivos a qualquer hora. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, em 2016, Itapevi anotou 1.184 roubos e 1.228 furtos.

“Falta segurança nas ruas, principalmente de madrugada, para o trabalhador que sai muito cedo de casa”. Célia Modesto, 48, auxiliar de produção e moradora do Jardim Paulista

Há cerca de dois meses, a auxiliar de produção Célia Modesto, 48 e moradora do Jardim Paulista foi assaltada no percurso de sua casa em direção ao Centro para trabalhar. “Falta segurança nas ruas, principalmente, de madrugada para o trabalhador que sai muito cedo de casa”, avalia.

“Eu, meu filho e minha nora já fomos assaltados perto de casa. Precisa de mais patrulhamento para evitar esses roubos”.
Um dos símbolos da insegurança em Itapevi é a passarela sobre a avenida Feres Nacif Chaluppe e a abandonada escada de acesso à praça Carlos Castro, no Centro, que permitia passagem à estação de trem Itapevi.

No início do mês, representantes da prefeitura e da CPTM discutiram a remoção da passagem, já que o local tem sido utilizado como ponto de tráfico de drogas.

 

“Há cerca de três meses, meu cunhado veio ao PS Central e ficou uma semana na enfermaria esperando para fazer uma cirurgia, que era de emergência e minha irmã ficou com ele dormindo nos bancos”. Mariana de Almeida, 29, tatuadora e moradora do Jardim Santa Rita

Saúde sem estrutura

Itapevi terá orçamento de R$ 631 milhões em 2017. Deste montante, R$ 155 milhões destinados à Saúde.
Igor Soares terá a missão de melhorar a infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde e Pronto-Socorros, e investir em contratação de mais médicos.

A tatuadora Mariana de Almeida diz que em uma UBS já presenciou enfermeiras colherem sangue utilizando a mesma luva várias vezes.“Questionei e elas disseram que não tinha material”. Outra queixa é a lentidão para consultas com especialidades. “Ginecologista demora até dois meses”, disse Mariana.

A cidade têm três Pronto Socorros, seis Unidades Básicas de Saúde (UBS), sete Unidades de Saúde da Família (USF), Base do SAMU, Centro de Reabilitação e duas farmácias populares.

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