Os mercados de países com regime presidencialista são especialmente voláteis em vésperas das eleições, enquanto defensores de um ou outro candidato tentam prever o que irá acontecer após as mesmas.
O mercado e as eleições
A aproximação das eleições é vista como uma oportunidade para os investidores, que procuram as melhores ações para investir antes delas subirem, de forma a lucrar com aquelas que acreditam que serão as vencedoras.
Como os investidores adoram a estabilidade social e política, de início, o impacto das eleições no mercado de ações seria enorme, contudo isso não acontece em todos os mercados.
Em países que não têm regime presidencialista tão forte, o impacto das eleições no mercado de valores é quase inexistente. Recentemente, Shinzo Abe, um dos mais importantes líderes políticos da história recente do Japão, foi assassinado enquanto fazia campanha às vésperas das eleições para o Senado em seu país. Nesse mesmo dia, a bolsa de Tóquio nem reagiu, seguindo o seu comportamento normal e fechando o dia no verde.
Isso acontece porque os investidores sabem que o atentado político contra o ex-premiê japonês tinha uma baixíssima chance de alterar o destino do país asiático, tanto em nível social como político.
No Brasil, por sua vez, o cenário é completamente o oposto. A cada quatro anos, as pesquisas de intenção de votos se transformam em um “indicador econômico” tal como se fosse um índice de inflação ou a taxa de desemprego, e começam a ser utilizadas como uma justificativa para vertiginosas altas e baixas do Ibovespa.
Onde investir antes e depois das eleições
Apesar de existirem vários candidatos em campanha para tomar as rédeas da Presidência do Brasil, os principais candidatos são o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva.
As mais recentes pesquisas de intenção de voto dão a vitória ao ex-presidente Lula, o que leva os investidores a acreditarem que haverá um crescimento nos gastos em setores voltados à educação e afins, dando uma base para identificar quais as empresas que podem crescer dentro da bolsa.
Apesar da expectativa de vitória do Lula, os analistas são unânimes na opinião que o Brasil irá crescer como um todo, independente do vencedor das próximas eleições.
Com a nova demanda de legislação e regulação nos setores ligados a resíduos e energia, essas áreas são vistas como grandes oportunidades entre os investidores. Também matérias-primas como o alumínio, cobre, níquel estão entre as principais escolhas.
Contudo, analistas e investidores alertam que nesta altura, nada é preto no branco. Infelizmente, o mundo viveu dois acontecimentos inesperados em sequência. Primeiro a pandemia da Covid-19 e, depois, a guerra da Ucrânia.
Esta combinação de fatores era quase impossível de prever e nunca nenhum investidor pensou que estaríamos a enfrentar uma onda inflacionária, onde remédio para isso seria elevar os juros, que andavam na lona há anos, tornando os mercados menos líquidos.
O que esperar do futuro
A realidade é que os investidores compram e vendem ações, dólares, títulos públicos de acordo com as expectativas que eles têm sobre o que acontecerá com a economia no futuro.
Embora exista muita tensão em volta das eleições presidenciais brasileiras, a realidade é que, historicamente falando, os resultados das eleições não têm nenhum efeito a longo prazo no mercado de ações.
Durante a última eleição americana, a bolsa de Nova York caía sob o aumento de probabilidade de vitória de Joe Biden, e subia quando as projeções apontavam para a reeleição de Donald Trump. Biden venceu, e o mercado financeiro voltou aos trilhos, apesar de todo o “show” do derrotado ao questionar o resultado das eleições.
Dito isto, é de se esperar que haja uma grande volatilidade pré-eleições, mas que na realidade não passará de um “zum zum” nos mercados pelo que os investidores devem procurar as melhores opções de investimento a longo prazo para se salvarem do ruído no mercado.