Uma moradora de um condomínio de alto padrão em Cotia, na Grande São Paulo, teve sua casa invadida por lama pela terceira vez em menos de um mês. Cristina Palácio, de 55 anos, relatou à reportagem do portal UOL que os incidentes, ocorridos nos dias 6, 8 e 28 de novembro, são consequência de uma obra vizinha ao residencial, que tem causado transtornos a milhares de moradores de condomínios na região.
Cristina, que reside no local há 20 anos, afirma que nunca havia presenciado tal situação. “Estou vivendo preocupada porque se esse muro cai tem risco de matar alguém”, declarou ao UOL. Ela afirmou que a empresa chegou a enviar uma equipe para fazer a limpeza de sua casa um dia após o primeiro episódio, mas, ainda perplexa com a situação, recusou- se a recebê-la.
A construção, localizada na altura do km 26 da Rodovia Raposo Tavares, ocupa uma área de aproximadamente 800 mil m². A Prologis, empresa responsável pelo empreendimento, planeja construir diversos galpões e centros de distribuição no local.
Moradores da região denunciam uma série de irregularidades na obra, incluindo ruídos excessivos, lama invadindo as casas, entupimento de encanamentos e destruição da vegetação nativa da área, que anteriormente abrigava uma floresta.
Na última quarta-feira (27), a obra foi embargada pela Justiça de São Paulo após denúncias dos moradores. A decisão do Tribunal de Justiça aponta o risco de queda do muro que separa as residências da construção. Um laudo encomendado pelos moradores confirmou diversas irregularidades e risco de desmoronamento.
Ainda segundo o UOl, o presidente da Sociedade de Amigos do condomínio Recanto Inpla, Jack Sulsik, denunciou o caso ao Ministério Público de São Paulo, em Cotia, mas disse que a ação não teve andamento.
A Secretaria de Habitação e Urbanismo de Cotia informou, por meio de nota ao UOL, que o projeto foi aprovado após análise técnica e que está em conformidade com a legislação municipal. A pasta afirma estar acompanhando a situação e cobrando da empresa responsável as medidas necessárias para reparar os danos causados aos moradores.
O advogado Nelson Wilians, representante da Prologis, declarou ao UOL que a construção está “integralmente em conformidade com todas as leis e regulamentações aplicáveis”, incluindo normas ambientais, de construção e de uso do solo. Ele atribuiu os incidentes ao volume “excepcional” de chuvas, que teria causado “impactos imprevistos”, e garantiu que a empresa tomará “todas as medidas corretivas necessárias”.
