Em qualquer esfera do poder público, qualquer que seja o porte da unidade ou a amplitude dos serviços, a comunidade põe a boca no trombone quando o assunto é problema no atendimento de saúde. E isso é salutar, porque impulsiona os gestores a buscarem soluções.
Enquanto isso, uma área igualmente prioritária e estratégica agoniza silenciosa, clamando por socorro há anos. Com a autoestima corroída por décadas de sucateamento no Estado de São Paulo, os professores da rede estadual esboçam uma greve que mobiliza gatos pingados e não ecoa na grande mídia, não incomoda o patrão e, pior, não encontra grande apoio na população.
A situação é parecida em vários estados brasileiros. A greve em São Paulo se soma a outros 21 estados e, em boa parte deles, a reivindicação é o cumprimento do salário mínimo nacional da educação, instituído por Lei Federal, de R$ 1.567,00.
Greve não ecoa na grande mídia e não encontra grande apoio na população
Ao mesmo tempo, cruzam os braços os professores da rede municipal de São Paulo. As condições e a adesão são distintas, mas a ação é sintomática e continua a ser preocupante que o poder público tenha protelado tanto o enfrentamento verdadeiro desse tema, atrasando a única alternativa que de fato contornar a situação: a valorização dos profissionais.
E valorização não é apenas salário. É oferecer condições dignas de trabalho, combater a violência dentro das escolas, a redução da superlotação das salas, incentivar a formação continuada, entre outras medidas.
Mas para isso, o grito da educação precisa primeiro ser ouvido pela sociedade. Enquanto pais, alunos e usuários do serviço não tomarem consciência do prejuízo a longo prazo que a situação lhes causa, continuará faltando força aos profissionais do ensino.