O poeta de Osasco Felipe Eduardo Lázaro Braga está lançando o livro “Testoste-TRIP”, uma das primeiras obras brasileiras a experimentar poesia gerada por Inteligência Artificial, abordando questões políticas e eróticas da masculinidade.
O processo de escrita se iniciou durante o período pandêmico, em que Felipe observou um movimento em que a humanidade e o desrespeito pareciam caminhar juntos, seja na dimensão política do país, seja na dimensão afetiva. “As duas coisas se juntaram: estresse ideológico e estresse sexual, isolamento e incerteza. Acho que o livro tem os temas que tem, sexo e política, porque eram as angústias afetivas inerentes ao isolamento, a todos os sentidos de isolamento”, analisa.
Os poemas de “testoste-TRIP” abordam importantes discussões que tangenciam a sexualidade e a política, principalmente no âmbito da masculinidade, sendo enfaticamente direcionado ao público LGBTQIA+.
O autor optou por não sinalizar a autoria dos textos. “Se eu selecionar dez, quinze poemas do livro, e pedir para as pessoas tentarem adivinhar quais poemas foram escritos por mim, e quais poemas foram escritos pela IA, as pessoas dificilmente vão acertar”, afirma. “Acho que isso já dá uma dimensão interessante para a leitura, uma meta-dimensão para a leitura, pensar quando não será mais possível distinguir a obra poética de um autor de carne e osso, da poesia, sensibilidade e criação de uma IA”.
Felipe Eduardo Lázaro Braga é filósofo e atualmente cursa pós-graduação no programa de Sociologia da USP (Universidade de São Paulo).