
As marcas da inegável e cada vez mais profunda repressão policial direcionada às manifestações contrárias ao governo ilegítimo de Michel Temer e suas reformas destruidoras de direitos históricos, estão na cara – e nos olhos, e no pescoço, e no maxilar, e na cabeça, e nas mãos – dos quarenta e nove trabalhadores atingidos com gravidade por tiros de bala de borracha e de arma letal, disparados por policiais, e por bombas, cassetetes e ataques de cães selvagens, durante o Ocupa Brasília/DF, protesto organizado em 24/05 pelas Centrais Sindicais.
Expressão máxima da instrumentalização do medo, a crescente e inaceitável brutalidade do Poder Público contra o povo não pode continuar a ter como destino a vala comum do esquecimento e da impunidade reservada às estatísticas da violência urbana.
Para fazer avançar a luta organizada em combate à relação predatória do governo com o país, o movimento sindical em seu devido papel histórico deve pensar a construção de uma rede de apoio – nas mais diversas esferas – às vítimas que advirão dos protestos em resistência ao rumos da política e da economia.
Uma ação coordenada junto à Defensoria Pública, à OAB, à Secretaria de Direitos Humanos e Órgãos Internacionais contribuirá para que consigamos denunciar e cobrar formalmente respostas quanto aos flagrantes de violações constitucionais ao direito de manifestação dos trabalhadores.
Mais do que externar respeito e solidariedade aos companheiros sequelados pela violência do Estado, reside nesse processo, exemplo e atitude de autocrítica, sem os quais não avançaremos.