Iniciada na manhã desta quarta-feira, 21, a greve dos motoristas e cobradores de ônibus conduzida por dissidentes do Sindicato dos Condutores de Osasco e Região continua e ainda não tem previsão de chegar ao fim.

De acordo com grevistas apontados como lideranças do movimento, a paralisação já era estudada, mas a greve de ônibus realizada também por dissidentes do sindicato desde a tarde de terça-feira, 20, em São Paulo, foi “um incentivo”.
Os grevistas rejeitam a proposta de 8% de reajuste salarial oferecida pelas empresas. “8% nós não vamos aceitar. Queremos 15% [de aumento], R$ 20,00 o vale refeição e R$ 1.200 de PLR. Esse é o mínimo que a gente vai aceitar”, disse o cobrador Roberto Meiado. Ele foi apontado como um dos líderes do movimento por um grupo de motoristas e cobradores parados no terminal do Largo de Osasco na manhã desta quarta.
Os grevistas afirmam que não se sentem representados pelo Sindicato dos Condutores de Osasco e Região, que é contrário à paralisação. “Vamos ficar [parados] até resolver. Se eles não estão nos apoiando, a gente não precisa deles para nada”, disse Meiado.
Sindicato critica “ato ilegal”
O Sindicato dos Condutores de Osasco e Região diz que a greve é contrária à decisão da entidade e “lamenta os transtornos causados à população”.
“Essa greve não é conduzida pelo sindicato, é um ato ilegal”, declarou o secretário de imprensa do sindicato, José Siqueira Cavalcante.
“Não sei o que fazer”, afirma passageira
Os grevistas fecharam os terminais de ônibus de Osasco na manhã desta quarta-feira. Os ônibus circulavam até os arredores dos terminais e não seguiam viagem. Os veículos foram conduzidos às garagens das empresas e não se vêem ônibus municipais ou intermunicipais circulando em Osasco.
Apenas algumas vans da Reserva Técnica Operacional da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) circulam no momento, sempre lotadas.
No terminal do Largo de Osasco, passageiros passam horas à espera da volta dos ônibus, sem orientações ou informações sobre a paralisação.
“Motoristas e cobradores têm direito de fazer suas reivindicações, mas é preciso pensar também nas pessoas, pelo menos avisar primeiro”, reclamou a estudante Márcia Joana Reis, 16. A greve a pegou de surpresa na volta da escola.
“Moro no Munhoz Jr. e não sei o que fazer se os ônibus não voltarem logo. Não tenho dinheiro para pagar táxi e nem ninguém para vir me buscar de carro”, disse ela.
Para o aposentado Luiz Gonzaga Ferreira, 70, greve surpresa “é uma sacanagem”. “Estou aqui há duas horas e não sei o que fazer”.
Uma alternativa usada por alguns grupos de passageiros foi se juntar para fazer uma vaquinha e pagar por táxis.
O terminal da Vila Yara está deserto. Não há ônibus nem passageiros no momento.
Outras cidades da região também são afetadas, como Carapicuíba, Barueri, Cotia e Taboão da Serra.
Lapas: “População não deve pagar por problemas
entre empresas, condutores e cobradores”
O prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), divulgou nota criticando a greve: “A população não deve pagar pelos problemas entre empresas, condutores e cobradores. Respeito todas as manifestações e reivindicações trabalhistas, mas também espero que as partes envolvidas cumpram seu papel. A população de Osasco merece transporte público de qualidade e deve ser respeitada”.
Lapas liberou os corredores de ônibus para a circulação de veículos nesta quarta-feira.