Leandro Conceição
O médico Enoque Fortes de Albuquerque, proprietário do Hospital Montreal, em Osasco, lacrado desde o dia 11 pela Prefeitura por falta de licença do Corpo de Bombeiros – vencida desde 2012 – e de condições de segurança aos frequentadores e usuários, quer reabri-lo com outro nome: Hospital Vitória.
“Vai reabrir como Hospital Vitória”, afirmou, em breve entrevista por telefone ao Visão Oeste nesta quinta, 26. Ele se recusou a falar sobre a lacração da unidade ou comentar sobre os problemas e as queixas de pacientes sobre suposto mal atendimento. “Não posso dizer mais nada”.
Hospital tem pedido de falência desde abril
Albuquerque se identifica em uma rede social como diretor médico sócio do Hospital Vitória, que ainda não existe, desde 2012.
Naquele ano, ele e o advogado Abidias Teixeira Júnior se tornaram proprietários do Montreal anunciando uma série de melhorias, como reforma e ampliação da unidade, como mostra matéria da época em um jornal da cidade. No escritório de Teixeira Júnior, uma funcionária informou à reportagem que ele não é mais sócio do Montreal e que não comentaria o caso por estar em uma viagem.
Dois anos depois, o Montreal, além de ter sido lacrado por falta de estrutura, coleciona uma série problemas, que culminaram, com o requerimento de falência na Justiça, em abril.
No CNPJ de Hospital e Maternidade Montreal LTDA, constavam também, até esta quinta, 523 protestos, pelo menos cinco ações judiciais em execução desde fevereiro do ano passado, totalizando mais de R$ 350 mil, e 31 cheques sem fundos, entre outras pendências.
O Hospital Montreal funciona há quase 50 anos na cidade e tem capacidade para 150 leitos.
“Falta de pagamento e condições inadequadas de trabalho”
No site do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), constam nove denúncias em aberto sobre falta de pagamentos a profissionais e de condições de trabalho adequadas. A última delas, de março de 2014, relata: “condições inadequadas de trabalho e filas intermináveis, falsas promessas de pagamento…”.
“Entramos em contato [com o hospital], mas em nenhuma delas houve resolução”, diz o presidente do Simesp, Eder Gatti Fernandes. “O pessoal sempre reclama, não só da falta de pagamento, mas também das condições de trabalho [no Montreal]”, completa.
Atendimento na unidade é alvo de críticas
O Hospital Montreal foi lacrado no último dia 11 pela Secretaria de Segurança e Controle Urbano de Osasco por risco a pacientes e frequentadores, com a liberação do Corpo de Bombeiros vencida desde 2012, e falta de mangueiras dos hidrantes e extintores. Além disso, a cozinha estava interditada pela Vigilância Sanitária.
É a segunda vez que o Montreal tem problemas com a fiscalização em três anos. Em 2011, já havia ficado mais de uma semana parcialmente interditado pela Vigilância Sanitária por diversas irregularidades, como falta de equipamentos obrigatórios e problemas estruturais.
Noticiada no site e na página do Visão Oeste no Facebook dia 16, a lacração do Montreal teve recorde de visualizações e comentários de usuários com uma enxurrada de críticas ao atendimento no Montreal.
Até a tarde desta quinta, 26, as postagens sobre o tema tinham mais de 120 mil visualizações e cerca de mil compartilhamentos com comentários sobre o suposto mau atendimento no hospital.
“Já estive internada na UTI desse hospital e peguei uma alergia devido à falta de limpeza. Imundo o banheiro”, disse Elizabeth Barboza Saraiva. Para Karina Rodrigues, “chegou a ser desumano o tratamento que eles davam neste lugar!”.