Morreu na madrugada de quarta para quinta-feira, 2, aos 66 anos, o sindicalista José Ibrahim, um dos líderes da histórica greve realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco em 1968.
Ele morreu em casa, em Pinheiros, São Paulo, enquanto dormia. Até o fechamento desta edição, não haviam sido divulgados detalhes sobre a causa da morte. O enterro deve ser realizado no cemitério Bela Vista, em Osasco. O velório começou na noite de quinta na Assembleia Legislativa.
Considerada um marco na história do movimento sindical brasileiro, a paralisação foi uma das primeiras manifestações sociais durante a ditadura militar e reuniu milhares de trabalhadores, de empresas como Cobrasma, Braseixos, Barreto Keller e Lanoflex.
Na época, Ibrahim, então com 21 anos, era presidente do Sindicato. “Vivíamos arrocho salarial desde 1964 e não tínhamos liberdade sindical”, lembrou, em entrevista ao Visão Oeste, em 2008.
Após a greve, violentamente reprimida, dezenas de trabalhadores foram presos, torturados e banidos do país. Ibrahim foi demitido sem direitos, entrou na clandestinidade e foi para a luta armada, na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Detido, foi um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969.
Após dez anos exilado em países da América Latina e na Bélgica, voltou ao Brasil em 1979, poucos meses antes da anistia. “Minha chegada foi linda. Tinha milhares de pessoas me esperando ao lado da casa da minha mãe, em Presidente Altino. No dia seguinte fui visitar o sindicato”, recordou, na mesma entrevista.
Ele avaliava que “a greve foi vitoriosa, não só do ponto de vista dos trabalhadores como politicamente contra a ditadura”.
“Ibrahim foi um líder político e social inato, de militância constante”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Jorge Nazareno
Na militância política, Ibrahim foi um dos fundadores do PT, mas rompeu com o partido. Nos últimos anos, militava no PSD e era ligado à UGT.
Lideranças destacam “figura exemplar”
Lideranças sindicais e políticas divulgaram nota de pesar pela morte de José Ibrahim.
O prefeito de Osasco, Jorge Lapas declarou que “grande defensor da democracia, José Ibrahim é uma figura exemplar para o operariado brasileiro e, principalmente, aos militantes sindicais. Não só Osasco, mas o Brasil perdeu um grande cidadão.
Milton Cavalo, presidente do PDT Osasco, afirmou: “Perdemos um grande companheiro de lutas, que muito contribuiu com os trabalhadores e com o nosso país”.