O empresário Saul Klein, de 66 anos, acionou a Justiça para cobrar R$ 13 milhões do irmão Michael Klein. Protagonista de um escândalo sexual em Alphaville, bairro nobre entre Barueri e Santana de Parnaíba, o herdeiro do fundador da Casas Bahia alega que a cobrança refere-se à parte de um empréstimo de R$ 30 milhões que não recebeu.
Segundo matéria da colunista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, os filhos de Samuel Klein teriam firmado o contrato em 2018. Pelo empréstimo, Saul receberia do irmão dez parcelas de R$ 3 milhões, mas Michael não teria cumprido com o combinado e pagou pouco mais de R$ 16 milhões ao irmão, segundo o advogado Márcio Casado, que defende Saul Klein.
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A defesa do empresário afirma ainda que uma porcentagem do valor pago por Michael a Saul saiu dos cofres da empresa fundada pelo pai deles. “Parte do valor ele [Michael] alcançou na pessoa física, mas ele também deu R$ 9 milhões pela conta das Casas Bahia”, disse Casado à reportagem.
O advogado João da Costa Faria, que defende Michael, ironizou o caso e fez referência ao escândalo sexual que tem Saul Klein como protagonista: “Como o seu Saul era um ‘sugar daddy’, ele deve achar que o Michael é um ‘sugar caçula’”. O advogado classificou ainda ação na Justiça como “pedido desconexo, grotesto e caricato”.
O ‘daddy’ de todos os ‘daddies’
Saul Klein é acusado de abusar de pelo menos 14 mulheres em sua mansão em Alphaville desde 2008. A denúncias do escândalo, que veio à tona em dezembro, são investigadas pela Delegacia da Mulher de Barueri.
O herdeiro nega as acusações. Por meio de seu advogado, diz que é um “sugar daddy” (homens que têm fetiche em sustentar financeiramente mulheres em troca de afeto e sexo) e que é alvo de tentativa de extorsão. “Ele era o ‘daddy’ de todos os ‘daddies’, do qual todas as ‘babies’ gostariam de ser ‘babies’”, disse sua defesa.
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Na Justiça, uma modelo uruguaia de 23 anos entrou com uma ação para cobrar R$ 345 mil por serviços sexuais prestados a Saul. Ela afirmou ter sido contratada em 2016, quando tinha 18 anos, com o objetivo de “alimentar os fetiches sexuais do seu empregador”.
Já o advogado de Saul, André Boiani e Azevedo, afirmou ao Uol que seu cliente “jamais praticou qualquer ato ilícito ou manteve vínculo de emprego com qualquer modelo”. “Na verdade, foi uma das modelos contratadas por uma empresa especializada para participar de eventos promovidos na residência do Sr. Klein”, afirmou.”Ela frequentou a sua residência na condição de ‘sugar baby’”.
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Ao ser dispensada, em 2018, ela entrou com processo trabalhista para receber horas extras, férias, adicional noturno, entre outros proventos. Mas os advogados do herdeiro fizeram um acordo para ela desistir da ação e manter sigilo sobre o assunto com a promessa de pagamento de R$ 800 mil. Foram pagos R$ 455 mil em 29 parcelas de R$ 15,7 mil e, quando os pagamentos pararam, ela entrou na Justiça pelo restante do dinheiro.
Saul Klein diz que não fez acordo nenhum com a modelo, que a assinatura dele havia sido falsificada e que os pagamentos de mais de R$ 15 mil à mulher não haviam sido feitos por ele. Perícia feita a pedido do Tribunal de Justiça de São Paulo apontou que, de fato, a assinatura dele havia sido falsificada e que o representante dele que fez o acordo não tinha poderes para isso.
Garotas recebiam pagamentos diretamente nas Casas Bahia
Em meio às acusações contra Saul, detalhes de ações judiciais relacionadas a questões sexuais envolvendo o pai dele, Samuel Klein, foram revelados. Reportagem apontou que o empresário tinha o costume de mandar garotas de programa retirarem o pagamento no caixa das lojas, o que gerou ações por danos morais de funcionários.
A rede de lojas já foi condenada, ao menos seis vezes, a pagar indenização por danos morais aos funcionários, que eram procurados pelas jovens, apontadas como “garotas de programa”, para retirar pagamentos entre R$ 10 mil e R$ 150 mil dos caixas das lojas, supostamente por orientação de Samuel Klein.