A saúde mental e a dignidade no ambiente de trabalho foram os temas centrais do Encontro de Cipeiros 2025, realizado nesta quinta-feira (22), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região. O evento reuniu 250 participantes, em sua maioria cipeiros representantes de 90 metalúrgicas da base territorial da entidade, além de contar com a presença de representantes do Ministério do Trabalho, da Fundacentro e do Sesi.
Gilberto Almazan – o Ratinho, presidente do Sindicato, abriu o encontro ressaltando a importância de valorizar o papel do cipeiro e fortalecer as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs). Ele lembrou que, conforme a convenção coletiva, é fundamental que as atas das reuniões e a comprovação da formação dos cipeiros sejam encaminhadas ao Sindicato. “Uma coisa é ter a CIPA, outra é ela, de fato, atuar”, enfatizou Almazan, destacando que o compromisso com a atuação efetiva é crucial para que a CIPA seja uma ferramenta real de transformação, motivando a criação do Programa de Valorização e Fortalecimento das CIPAs.
Deise Canhisares, Gerente Regional do Trabalho e Emprego em Osasco, sublinhou a necessidade de o cipeiro estar atento, saber ouvir, comunicar e, principalmente, buscar ajuda quando necessário. “O sindicato é muito importante para saber o que pode ser feito”, afirmou, ressaltando que o acompanhamento e o diálogo são pilares para um ambiente mais justo e seguro.
O silenciamento das doenças ocupacionais
Um dos pontos altos do evento foi a palestra da médica e técnica da Fundacentro, Maria Maeno, que trouxe uma reflexão contundente sobre o silenciamento das doenças relacionadas ao trabalho. “Temos convicção de que as empresas tendem a esconder os acidentes, principalmente as doenças. E a culpa sempre recai sobre o trabalhador”, alertou.
Maeno criticou a dificuldade no reconhecimento oficial dessas enfermidades: “O INSS não reconhece muitas doenças que têm relação com o trabalho. E este Sindicato está numa luta histórica para que tal reconhecimento aconteça.”
A especialista também abordou a desigualdade na percepção social sobre lesões decorrentes do trabalho. “Quando um jogador de tênis ou futebol se afasta, todos entendem que o trabalho causou a lesão. Mas o mesmo não acontece com o trabalhador comum”, observou. Para Maeno, é urgente construir uma verdadeira democracia no ambiente de trabalho, onde todos sejam ouvidos e respeitados. “O trabalho é determinante no nosso modo de viver. Nossa vida é ditada pelo trabalho”, afirmou, conclamando todos a refletirem sobre as mudanças desejadas em seus locais de atuação.
Finalizando as apresentações, Maria Tereza, do Sesi, detalhou os serviços oferecidos pela instituição, muitos deles voltados à saúde e segurança do trabalhador, reforçando a importância de parcerias estratégicas para fortalecer a prevenção.
O encontro também contou com a presença de Daniel Bispo Calazans, secretário-geral da CUT/SP, e reforçou a mensagem de que a construção de um ambiente de trabalho seguro, saudável e digno depende da atuação conjunta dos órgãos competentes, empresas, sindicatos, CIPAs e da união de todos os trabalhadores e trabalhadoras.