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A prisão de Delcídio e o recado do Senado

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A prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do Governo no Senado, acena — positivamente — para um país diferente. Um senador em pleno exercício, preso graças a um expediente excepcional da legislação, e um banqueiro importante. São indicadores de um país que busca retomar sua credibilidade e a força de suas instituições. A votação, com a expressiva vitória da prisão por 59 votos a 13, e uma abstenção, pode dar novo fôlego um país que se propõe a não fechar, nunca mais, os olhos para os malfeitos e irregularidades.
O que esperamos é uma Nação onde não seja mais tolerado, como foi no passado, usar da hierarquia, poder econômico, posição pública ou corporativismo para esconder desvios de caráter. E se acontecer, por descuido (ou esperteza dos malfeitores), que não durante muito tempo.

Partido acertou na nota mas errou no voto da bancada

E que fique claro: por enquanto temos que descontar da comemoração a inexplicável permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Presidência da Câmara, em meio a manchetes curiosas que dão mais destaque às barganhas pró ou contra o impeachment do que à própria irregularidade de usá-las para se perpetuar no poder.
Apesar do momento histórico, quem perdeu a chance de fazer uma demonstração clara de combate à corrupção e indignação com os malfeitos da política foi o próprio PT. Acertou ao emitir uma nota dura e contundente, condenando a atitude do seu senador. Porém, exceto pelo bom senso dos votos de Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA), sua bancada no Senado não apenas tentou emplacar o voto secreto como, derrotada nisso, votou tentando evitar a prisão do correligionário.
Diante da situação delicada que o partido vive no momento, da crise política e institucional do país, foi uma decisão incompreensível, que só faz municiar seus opositores mais viscerais.