Após o deputado estadual Emidio de Souza (PT), ex-prefeito de Osasco, anunciar que pediria o cancelamento de Sessão prevista para homenagear o ditador chileno Augusto Pinochet, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Cauê Macris (PSDB), declarou que o evento será vetado.
“Caro Emidio, assino amanhã um ato da presidência impedindo o evento dentro da Assembleia”, declarou Cauê Macris em mensagem a Emidio nas redes sociais. O ex-prefeito de Osasco se disse “feliz e aliviado” com a decisão.
Para o deputado osasquense, “uma Casa de Leis que representa o povo jamais deve homenagear uma pessoa que reconhecidamente cometeu crimes contra a humanidade”.
Após meu pedido, o presidente da @assembleiasp @cauemacris anunciou que publicará um ato impedindo a homenagem ao ditador chileno, conhecido mundialmente por ter cometido crimes contra a humanidade, Augusto Pinochet. https://t.co/fLB5Gom8r2
— Emidio de Souza (@EmidioDeSouza_) November 21, 2019
A homenagem ao ditador Augusto Pinochet, que comandou o Chile entre 1973 e 1990 estava agendada para 10 de dezembro e foi proposta pelo deputado estadual Frederico D’Ávila, que hoje integra o PSL mas pretende migrar para o partido que será criado pelo presidente Jair Bolsonaro (Aliança Pelo Brasil).
O governo do general Augusto Pinochet se arrastou de 1973 até 1990, com mais de 80 mil pessoas sendo presas e outras 30 mil torturadas. Segundo números oficiais, mais de três mil pessoas foram assassinadas.
Bolsonaro já chegou a exaltar o ditador chileno algumas vezes e foi criticado até mesmo pelo atual presidente do Chile, Sebatián Piñera, que é visto como um seguidor de Pinochet. Em setembro, ele usou a figura do general para atacar a ex-presidenta Michelle Bachelet, que atualmente ocupa o posto de Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU.
Enquanto exaltam o regime pinochetista, aliados de Bolsonaro temem que a onda de protestos que se conflagrou no Chile chegue ao Brasil. No país vizinho, os manifestantes pressionam pela criação de uma Assembleia Constituinte para reformar a carta constitucional criada nos anos da ditadura.
Além da repressão promovida no comando do Chile, Pinochet é acusado de articular um esquema de tráfico de cocaína por meio de aviões das Forças Armadas. “Não há dúvidas de que Pinochet, cujo poder durante a ditadura foi absoluto, participou do esquema de tráfico”, afirmou o periódico britânico The Observer, que inclusive lembrou uma das mais célebres frases do ditador: “neste país, não se move nem uma folha sem que eu saiba”. (Com Revista Fórum)