O discurso que a presidente Dilma Rousseff fez em cadeia nacional de rádio e TV na noite de véspera do Dia do Trabalhador repercutiu fortemente nos eventos promovidos neste 1º de Maio em Osasco e São Paulo pelas centrais sindicais. No discurso, Dilma marcou posição a favor da política de valorização do salário mínimo, contra o arrocho salarial, e também reagiu a ataques feitos a seu governo no campo da ética.
“Nosso governo nunca será o governo do arrocho salarial, nem o governo da mão dura contra o trabalhador. Nosso governo será sempre o governo dos direitos e das conquistas trabalhistas, um governo que dialoga com os sindicatos e com os movimentos sociais e encontra caminhos para melhorar a vida dos que vivem do suor do seu trabalho”, afirmou a presidente.
Dilma também anunciou correção na tabela do Imposto de Renda, de 4,5%, e o aumento de 10% no benefício do Bolsa Família. Um reajuste com o objetivo de manter os beneficiários deste programa social fora da linha da pobreza.
Na festa do Dia do Trabalhador realizada no estádio da Vila Yolanda, em Osasco, várias lideranças políticas e sindicais falaram sobre os temas tratados por Dilma. O prefeito Jorge Lapas (PT) comentou a questão do emprego e da inflação. “O combate à inflação é importante, mas precisa ter emprego. As propostas, que muitos defendem, de baixar a inflação, mas com desemprego, ela não defende. O salário zero é pior para o trabalhador”, disse ao Visão Oeste.
O presidente estadual do PT, Emidio de Souza, disse que “o Brasil nunca experimentou um período tão grande de crescimento da renda”. O ex-prefeito de Osasco falou também sobre a Petrobras, que é alvo de uma CPI no Congresso Nacional (leia na página 9). Segundo Emidio, a oposição, “quando estava no governo, quis privatizar” a estatal.
Entre os sindicalistas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Jorge Nazareno, disse que o discurso de Dilma serviu para marcar posição a favor dos trabalhadores. “Ela falou com clareza e assumiu posições importantes, como a manutenção da política de recuperação do salário mínimo”, afirmou. Nazareno lembrou, no entanto, que o movimento sindical vai continuar a pressionar por conquistas como o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho.
Evento da Força Sindical em São Paulo tem fortes ataques ao governo
Em São Paulo, o ato promovido pela Força Sindical tornou-se um evento da oposição à presidente Dilma, com a presença dos pré-candidatos à Presidência do PSDB e PSB, Aécio Neves e Eduardo Campos. Mas quem protagonizou os principais ataques foi o presidente licenciado da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (SDD). “A Dilma deveria é estar na Papuda “, discursou.
Aécio também fez referência ao discurso da presidente no rádio e TV. “[Dilma] hoje está fechada no Palácio do Governo, não veio aqui olhar para vocês, explicar porque a inflação voltou, porque o crescimento sumiu e porque a decência anda em falta no atual governo”, atacou.
O governo foi representado no evento pelos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Manoel Dias (Trabalho), que lamentaram o tom das críticas. “Quem queria privatizar a Petrobras foi Fernando Henrique Cardoso. Quem chamou os aposentados de vagabundos foi Fernando Henrique Cardoso. Quem causou arrocho salarial dos trabalhadores foi Fernando Henrique Cardoso. E ele quer voltar na figura do Aécio”, rebateu Carvalho.