Início Economia Por que os gestores públicos ignoram o Turismo e perdem milhões todo...

Por que os gestores públicos ignoram o Turismo e perdem milhões todo ano?

0
Colunistas Visão - Edson Pinto Artigo Gestores e Turismo
Coluna de Edson Pinto no Visão Oeste

Como presidente dos SinHoRes Osasco – Alphaville e região, sindicato empresarial de hotéis, bares, restaurantes e similares, que representa aproximadamente 20 mil empresas, que geram cerca de 50 mil empregos diretos na região, esse artigo constitui um instrumento de participação cidadã e de transformação da cultura política local. Afinal, já não é mais possível olhar apenas para nossa rua ou nosso bairro. Hoje tudo se conecta, e é preciso construir uma visão mais ampla da cidade que queremos viver.

A participação popular nos assuntos e decisões do poder público consolidam os caminhos da inclusão social, conquistando cidadania plena para todos que aqui residem ou trabalham, melhorando a qualidade de vida, os direitos individuais, coletivos, culturais, políticos e econômicos.

Um dos caminhos possíveis dessa transformação é através do Turismo, como engrenagem que faz a roda da economia girar, pois uma cidade só é boa para o turista quando é boa para o cidadão. O turismo é uma atividade econômica transversal que dialoga com 52 segmentos (hotéis, bares, restaurantes, padarias, bufês, eventos, agências de viagem, comercio local etc.) e 27 tipos diferentes de turismo compõem essa cadeia produtiva (negócios, religioso, ecológico, gastronômico, eventos, saúde etc.). Em 2024, o turismo movimentou R$ 315 bilhões no estado, representando 9,6% do PIB estadual. Entre janeiro/2021 e junho/2024 foram investidos R$ 7,3 bilhões nos serviços de turismo e lazer só na Região Metropolitana.

Para quem não é do setor e entender melhor do que eu estou falando, todos os dias dentro dos limites de uma cidade, negócios são feitos, pessoas consomem bens e serviços e, assim, seja na forma de lucro, emprego ou impostos, há riqueza sendo gerada e distribuída. Mas há uma quantidade limitada de recursos circulando na cidade. Para injetar dinheiro “novo” e aquecer a economia, uma das alternativas viáveis é atrair mais pessoas (ou empresas) de fora para consumir na cidade. Essa é a economia do visitante. Assim, visitantes de outras cidades, seja para passar o dia ou pernoitar; a passeio, negócios ou lazer, consomem, geram renda e empregos para a população local. A economia do visitante é como um motor de desenvolvimento sustentável, transformando a percepção do turismo como um setor promissor. E ela não se limita a gastos com hospedagem, alimentação e compras, mas engloba investimentos em infraestrutura, equipamentos turísticos e a criação de empregos diretos e indiretos aos setores relacionados, como transporte e todo o comércio local.

Em 2017, nossa região foi incorporada ao Mapa do Turismo Brasileiro. Isso demonstra o reconhecimento do potencial turístico local, especialmente para os segmentos de negócios, cultura e eventos. No ranking do Mapa do Turismo, Osasco está classificada na categoria B, sinalizando um fluxo relevante de turistas. Barueri e Itapevi se encontram na categoria C. Já Cajamar, Carapicuíba, Jandira e Pirapora do Bom Jesus estão nas categorias D e E, que indicam menor fluxo turístico, porém com potencial de crescimento.

Tendo em vista a atuação sindical empresarial do SinHoRes Osasco – Alphaville e Região, para que a nossa região avance nessa área, o turismo deve ser reconhecido pelos gestores públicos e pela população como uma importante questão estratégica de desenvolvimento, geração de emprego, renda e tributos.

A região tem um perfil multifacetado: serve tanto quem busca lazer, cultura, contato com a natureza quanto quem está na cidade a trabalho. O esforço conjunto das cidades para integrar roteiros e fortalecer o turismo indica uma tendência de desenvolvimento contínuo, diversificando as possibilidades para moradores, visitantes e investidores.

Se quiser de fato avançar, saindo do discurso e partir para a prática, o poder público local deveria atacar imediatamente os seguintes pontos:

  • acabar com a concorrência desleal (ambulantes ilegais e estabelecidos informais);
  • reduzir o IPTU do setor hoteleiro;
  • incentivos fiscais e tributários para novas empresas do segmento;
  • foco total na segurança pública;
  • melhorar a infraestrutura dos equipamentos turísticos, cultura e lazer;
  • eliminar a ocupação desordenada do espaço público;
  • melhorar a zeladoria urbana e embelezar as vias de entrada na cidade;
  • promoção em marketing, com destaque aos aspectos positivos;
  • construção de um cento de eventos com gestão privada;
    atração de eventos, feiras e congressos de pequeno e médio porte;
  • dotar de recursos financeiros o Fundo Municipal de Turismo ou órgão competente, ouvida a sociedade civil;
  • desenvolver um roteiro turístico da região;
  • Planos Diretores de Turismo em cada munícipio (feitos por profissionais do mercado);
  • criação de um Plano Estratégico Regional de Turismo, focado em metas, indicadores de desempenho e participação da sociedade civil.

Esse conjunto de ações, com gestão eficiente dos recursos, elevará a região a outro patamar de visibilidade e posicionamento no mercado turístico. Convido gestores, empresários e a comunidade a se engajarem com o SinHoRes nas transformações necessárias para elevar a região a referência em turismo sustentável e inovador.

 

Autor

  • Edson Pinto é Presidente do SinHoRes Osasco - Alphaville e Região e Diretor Executivo da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo - FHORESP. É Mestre em Direito pela PUC-SP.

    Ver todos os posts
As opiniões expressas nos artigos assinados não refletem necessariamente a posição do Portal Visão Oeste, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es).