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A nova chave do Brasil: O ângulo que abre o futuro

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Coluna de Bruno Sindona no Visão Oeste

Existem pontos no território que carregam mais do que sua simples posição geográfica. São lugares onde o país se dobra, se expande e encontra novos horizontes. A região oeste e sudoeste da Grande São Paulo é um desses pontos: o ângulo estratégico que abre as portas do futuro brasileiro.

É aqui, entre as rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco e Raposo Tavares, que o Brasil inicia uma nova jornada. Da tecnologia dos data centers e hubs logísticos à indústria moderna; da força que impulsiona o agronegócio até os ecossistemas mais preciosos do planeta, o Pantanal e a Amazônia — tudo converge a partir deste solo fértil.

O desenvolvimento planejado desta região não é apenas uma oportunidade local: é uma chance nacional. Quanto mais estruturarmos este corredor de progresso — com infraestrutura, inovação, estética urbana e respeito ambiental —, mais garantiremos um futuro sustentável para o Brasil.

Mas o que fez dessa região algo tão especial? O povo. Esta é, possivelmente, a região mais miscigenada do país. Povos indígenas, colonizadores europeus, migrantes italianos, espanhóis, japoneses e, mais recentemente, nordestinos: todos construíram a identidade vibrante da Grande São Paulo. Aqui, na pele, na fé, na fala e na luta, está o Brasil inteiro.

E não por acaso, também estão aqui as cidades mais adensadas do país. O que nos torna fortes não é o extrativismo ou o petróleo, mas a nossa gente. Fazemos 25% do PIB brasileiro no braço e na cabeça. Somos indústria, serviço, logística, inovação e força de trabalho.

Os números comprovam: Barueri tem um PIB per capita de mais de R\$ 207 mil, e Osasco, com seus mais de 700 mil habitantes, é um dos gigantes econômicos do país. Cidades como Santana de Parnaíba e Itapevi cresceram acima de 40% em apenas uma década, impulsionadas por investimentos em tecnologia, logística e qualidade de vida. Empresas como Eurofarma, Cacau Show e Mercado Livre fortaleceram ainda mais essa base.

A infraestrutura acompanha o ritmo: a construção de grandes data centers, o Rodoanel Norte, a expansão da Linha 9-Esmeralda e a futura Linha 22-Marrom do metrô reforçam a integração da região. O Aeroporto Executivo Catarina, em São Roque, é hoje referência nacional para a aviação de negócios.

Nos próximos anos, tudo indica que esse papel de protagonista econômico só vai crescer. A chegada de mais corporações, centros de inovação e parques tecnológicos pode transformar definitivamente o eixo oeste e sudoeste da Grande São Paulo no principal motor de desenvolvimento do país.

Exemplos internacionais mostram que é possível. O Vale do Silício, na Califórnia; Shenzhen, na China; e a Lombardia, na Itália, só alcançaram tamanho sucesso porque investiram pesado em infraestrutura, capital humano e planejamento urbano. Aqui, temos as condições para fazer o mesmo.

Mas também temos riscos que não podemos ignorar. A expansão desordenada, a degradação ambiental e a falta de planejamento no adensamento populacional podem comprometer todo o potencial dessa região. A negligência com a beleza urbana e a falta de projetos de gentis com nosso povo podem transformar oportunidades em problemas crônicos.

Ignorar esses sinais seria um erro grave. O futuro não se conquista apenas com crescimento: é preciso planejamento, cuidado com as pessoas e respeito à natureza.

O ângulo formado por nossas grandes rodovias é como um arco, pronto para disparar. A região oeste e sudoeste da Grande São Paulo é a base firme desse arco. A energia acumulada é imensa. Mas, como em todo arco e flecha, o destino depende do arqueiro.

O grande desafio é quem estará segurando essa flecha: nossos líderes políticos, empresariais e comunitários. Se forem guiados por visão, planejamento e amor ao Brasil, atingiremos um alvo raro de prosperidade e sustentabilidade. Se forem guiados pela miopia e pelo imediatismo, a flecha errará o destino.

O arco está armado. A região está pronta. A história agora espera a competência dos arqueiros.

 

Autor

  • Bruno Sindona é empresário e fundador da Sindona Inc., desenvolvedora imobiliária focada na criação de empreendimentos que impactam positivamente a vida das pessoas e o desenvolvimento das cidades. Natural de Osasco, integra o Conselho de Desenvolvimento da Presidência da República e foi eleito Empreendedor Social do Ano de 2023 pela Folha de S. Paulo. Também fez parte da lista Under 30 da Forbes, sendo reconhecido pelo impacto de seus projetos no setor imobiliário.

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