Esta última semana foi um tempo de tristeza e de dor. A aprovação da abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma foi mais uma destas situações em que reforço a minha convicção sobre o quanto ainda haveremos de lutar para que possamos construir um país de fato mais justo.
Aquele resultado que culminou com os repetidos chavões em nome de Deus e da família e que conduziram para aquela decisão do Congresso Nacional para uma situação de viés marcadamente autoritária me deixa profundamente envergonhada.
Todos sabemos que existem dificuldades econômicas e políticas, e sabemos também que não existem saídas fáceis. Ou seja, o que teria justificado toda esta articulação parlamentar e da mídia conservadora? Há quem procure sem êxito repelir a ideia de golpe afirmando que não existem tanques de guerra nas ruas, e que estamos longe do ocorrido em 1964, e que acontece o mesmo que com o ex-presidente Collor.
Em respeito aos leitores do Visão Oeste, quero deixar evidenciado o quanto estou do lado daqueles que se opõem a este novo estilo de golpe desferido contra a presidenta sem que fosse evidenciado algum tipo de crime.
Na segunda, conversava com meus companheiros de trabalho da SDTI sobre algumas semelhanças desse momento com os longos anos de escravidão vivenciados no país. Lembrávamos o quanto a escravidão que existiu e foi legalizada durante séculos no Brasil e nem por isso deixou de ser repugnante. Um processo que considerava os negros como se fossem mercadorias. Mas tudo era conduzido pelas elites com bases estritamente legais. É verdade que a lei garantia, mas era ainda mais verdadeiro que a escravidão se tratava de algo desumano e imoral.
De forma similar, o golpe midiático-parlamentar desferido contra Dilma, realizado por força de uma pretensa argumentação jurídica, está totalmente fora de um enquadramento razoável e correto e afronta a nossa democracia em construção.
Este é o tempo de resistir e continuar ao lado dos que de buscam seguir o caminho da verdade e da justiça.