Leandro Conceição
Em Câmaras Municipais da região, a proposta de reforma da Previdência é alvo de críticas até mesmo de vereadores de partidos aliados ao governo de Michel Temer. Em Osasco, o projeto será tema de audiência pública na Câmara Municipal na próxima quarta-feira, 29, a partir das 18h30, por intermédio da vereadora Dra. Régia (PDT).
Ela é autora de uma moção de repúdio aprovada na Casa, mesmo com a maioria dos parlamentares de partidos da base de Temer. Na Câmara de Carapicuíba, onde legendas que apoiam Temer também são maioria, foi aprovada moção semelhante.
O vereador osasquense Tinha Di Ferreira, do PTB, declara que não defende a reforma “de jeito nenhum”. “Não é porque o partido defende, porque está no governo federal, que vou defender”.
Ni da Pizzaria, do PTN, outro partido da base de Temer, também se diz contra a reforma da Previdência. “Não deveria ter essa reforma, porque vai prejudicar as pessoas”.
Pelé da Cândida (PSC) também já se manifestou contra a proposta e pediu que a população pressione os deputados federais para votar contra. “Vamos juntos nos unir e cobrar nossos deputados”.
Para o coordenador regional da CUT, Valdir Fernandes, o Tafarel, as críticas de membros de legendas que apoiam Temer à reforma da Previdência, “significam que, mesmo sendo de partidos aliados ao governo, eles sabem o mal que seria se estabelecer uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria”.
“Truculência”
Já Didi (PSDB) vê a reforma como “necessária”, mas avalia que falta debate com a sociedade sobre a proposta.
“A reforma tem que existir, mas tem que ser discutido com o povo, com os sindicatos, as centrais sindicais, com os segmentos. Que há necessidade, sabemos que há, mas não pode ser na truculência, da forma como têm colocado, tem que abrir a discussão”.
“Tem de ter coragem de cobrar os bancos, é fácil jogar na conta dos trabalhadores”
O vereador osasquense Tinha Di Ferreira lembra que, de acordo com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, empresas, fundações, governos de estados e prefeituras devem ao INSS mais de R$ 426 bilhões, mais do que o triplo do déficit do INSS em 2016, que foi de R$ 149 bilhões, segundo o governo. Companhias como Bradesco, Marfrig, JBS e Vale estão entre as devedoras.
“[O governo] tem que cobrar os bancos, as empresas que estão devendo bilhões para o INSS. Tem que ter coragem de cobrar. É fácil jogar essa conta no nome dos trabalhadores… não tem necessidade dessa reforma, não”, afirma Tinha.
PREVIDÊNCIA EM PAUTA | ||
Como é hoje | Como pode ficar | |
Idade de aposentadoria | Soma da idade e contribuição deve ser de 85 para mulheres e 95 para homens | 65 anos |
Tempo mínimo de contribuição | 15 anos | 25 anos |