Quatro vereadores foram presos na noite de terça-feira, 23, em meio à sessão na Câmara de Carapicuíba. Além disso, o candidato a prefeito Everaldo Francisco da Silva (PT) e o ex-deputado estadual Isac Reis (PT) estão foragidos. Eles são acusados de fraudar processos seletivos para preencher cargos públicos com apadrinhados políticos, de acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público.
Foram presos os vereadores Carlos Japonês (PPS), Nenê Crepaldi (PPS), Elias Cassundé (PPS) e Jeferson Macêdo (PSDB), junto à ex-diretora de Recursos Humanos da Prefeitura de Carapicuíba, Elaine Cristina Pereira.
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, vereadores e servidores do executivo integravam um esquema para dispensar concursos públicos e nomear apadrinhados para cargos na área da saúde, além de definir quem receberia um benefício pago a pessoas desempregadas. As promotoras do caso estimam que o esquema funcionava pelo menos desde 2013.
Cerca de 1,3 mil pessoas teriam sido contratadas por meio de fraudes, segundo apuração do Ministério Público de São Paulo.
Provas
A Justiça autorizou a prisão preventiva diante do risco de os acusados destruírem provas e intimidarem testemunhas. A investigação chegou a identificar uma tentativa de alguns vereadores de eliminar registros incriminadores.
“Quando fomos fazer as buscas e apreensões nos gabinetes dos vereadores, foi constatado que os computadores foram formatados. Foram apagados integralmente sem que isso fosse resolvido pelos técnicos de informática da Câmara Municipal. Os próprios vereadores fizeram para apagar uma série de rastros”, disse a promotora Camila Moura e Silva.
Além deles, o vereador Paulo Xavier (PSDB) está preso desde maio, acusado de contratação de funcionário fantasma e nepotismo.
O Esquema
De acordo com a promotora Sandra Reimberg, o esquema incluiu concursos fraudulentos para justificar admissões em programas de saúde do município. O anúncio das vagas era feito somente na véspera do processo de seleção e em alguns casos as avaliações sequer foram corrigidas.
Cada parlamentar tinha direito a uma cota para preenchimento das vagas. O objetivo era, segundo o MP, garantir um número de votos e cabos eleitorais para que os vereadores permanecessem nos cargos.
O esquema foi descoberto após a denúncia de uma pessoa que tentou se candidatar às vagas oferecidas nos programas municipais, mas foi informada pelos funcionários da própria prefeitura que precisaria do aval de um dos vereadores.