Desde que voltei da Cidade do México, em novembro de 2024, não paro de compartilhar com vocês tudo o que vivi por lá. A cidade é mais agitada que São Paulo, com ruas largas e arborizadas, mas um trânsito bem intenso. A paciência é essencial para se locomover. Se possível, ande a pé, pois isso permitirá que você aprecie as paisagens e as flores que estão por toda parte.
A Cidade do México, e seus habitantes, adoram cores vibrantes. Elas estão presentes nas paredes, nas roupas, nas vitrines e na publicidade, o que dá uma energia contagiante ao lugar. Fiquei lá por seis dias e escolhi o hotel Suites Contempo, perto de Polanco, um dos bairros mais seguros e sofisticados. Lá, você encontra shoppings de luxo, bons restaurantes, museus e parques.
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Para aproveitar ao máximo a minha curta estadia e mergulhar na cultura local, preparei um roteiro focado principalmente em passeios ao ar livre. Tive sorte, pois só peguei um dia de chuva – e nem isso atrapalhou – e não houve terremotos (comum por lá). Vou contar um pouco sobre o meu roteiro.
Bosque Chapultepec
Com 686 hectares, o Bosque Chapultepec é uma das maiores áreas verdes urbanas do mundo. O passeio começa pelos jardins do parque, que podem ser admirados tanto de baixo quanto do alto do Castillo Chapultepec. Essa construção, que data do final do século XVIII, foi residência do rei da Nova Espanha. A vista é incrível, e o Museu Nacional de História, que fica no castelo, tem um ótimo acervo.
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O bosque também abriga o Museu de Arte Moderna, o Museu Tamayo (com um restaurante delicioso e vista para o parque), o Museu del Caracol, o Museu de História Natural e, claro, o imperdível Museu Nacional de Antropologia, a maior atração da cidade. Além disso, o Jardim Botânico e diversos monumentos, esculturas e fontes enfeitam os caminhos do parque. E se você gostar de esquilos, vai se encantar, pois há centenas deles por lá, sempre dispostos a pedir um petisco. Se quiser, também pode comprar artesanato nas barracas espalhadas pelo bosque.
Pirâmides de Teotihuacán
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Para visitar as pirâmides, contratei uma excursão que me levou de manhã e retornou à noite. O guia, que fala inglês ou espanhol, torna a experiência muito mais interessante. Teotihuacán é um dos pontos turísticos mais visitados do México, e lá você pode ver as pirâmides do Sol e da Lua, além da Calzada de los Muertos, uma avenida de 4 km onde estão as construções de antigas civilizações.
As pirâmides, com sua grandeza e perfeição, transmitem um ar de mistério e respeito. É possível andar por ali, mas não se pode subir nas pirâmides. O local é bem quente, então não se esqueça do chapéu, óculos de sol e roupas leves. Na área ao redor do sítio arqueológico, há diversos restaurantes com preços acessíveis e pratos deliciosos.
Mezcal e Tequila
Foi em Teotihuacán que conheci o Agave, planta usada para fazer tanto a tequila quanto o mezcal. A diferença entre as duas bebidas é bem sutil, mas o mezcal tem uma produção mais rústica e não é tão conhecido fora do México. Após a apresentação do Agave, participei de uma degustação das duas bebidas. Confesso que preferi o mezcal, que tem um sabor mais frutado. Não deixe de participar dessa experiência se estiver por lá.
Além disso, Teotihuacán é o local onde estão alguns dos melhores artesãos da Cidade do México, com peças de pedra, barro, prata e obsidiana (uma pedra negra). Só fique atento, pois os preços são um pouco altos.
Coyoacán
Cheguei a Coyoacán de Uber. O bairro é pitoresco, com ruas de pedra, muita vegetação e várias opções de cafés, restaurantes, museus e artesanato. Antes de explorar o bairro, passei pelo Convento de San Juan Bautista, que foi construído por monges franciscanos ao longo de 30 anos. Passei também pelo Jardim Centenário, sempre cheio de gente, e pelo Mercado, famoso pelas barracas de fantasias e decorações.
Em Coyoacán fica a Casa de Frida Kahlo, transformada em museu em 1958, quatro anos após a morte da artista. Aproveite para visitar o Mercado de Artesanias, onde você encontra lojas e barracas com bordados incríveis em roupas. O bairro ainda tem a Plaza de la Conchita, com a Capela da Igreja Imaculada Conceição La Conchita, que desde 1932 é Monumento Histórico do México.
Puebla
Puebla e Cholula ficam perto da Cidade do México, e para esse passeio, fiz uma excursão de oito horas. A primeira parada foi em Cholula, onde está a Igreja de Santa Maria de Tonantzintla. A subida até lá é íngreme, mas vale muito a pena pela beleza da igreja. Perto dali, está uma zona arqueológica com a pirâmide mais larga do mundo, coberta por vegetação, o que torna difícil identificá-la.
Puebla, cercada por vulcões (dois em atividade), tem uma história fascinante, cheia de lendas. A mais emocionante é sobre um príncipe e uma princesa que se apaixonaram, mas a guerra separou-os. Quando o príncipe voltou e soube da morte da princesa, ele também faleceu, e a lenda diz que os vulcões são os túmulos deles. Quando fui, ambos estavam em atividade, o que foi uma experiência única.
Puebla mistura o antigo e o moderno, e dá para explorar suas ruas e conhecer sua história em um dia. Alguns lugares imperdíveis são o Zócalo, a Catedral de Puebla, a Callejón de los Sapos e o Museu Amparo.
Culinária
A culinária mexicana é apimentada, então, se você não for fã de pimenta, prefira os pratos mais suaves – a menos que queira se aventurar em sabores fortes. Até alguns doces podem ter pimenta!
Uma curiosidade: no café da manhã do hotel, pedi “pão francês” (achando que era o nosso pãozinho), e recebi uma rabanada gigante, coberta com geleia cítrica e frutas. Estava deliciosa, mas eu já havia comido omelete e salada de frutas, então, fique atento ao que pedir!
Nossa Senhora de Guadalupe
Deixei o mais importante para o final. Estive na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe. Ela é gigante e muito movimentada. Tive a sorte de acompanhar parte da missa e fiquei muito emocionada. Acredito que pelo lugar e pelos devotos, que vêm de várias partes do mundo para reverenciá-la.
Reserve algumas horas para andar pelo santuário, onde há, entre várias atrações, um jardim com cachoeiras, um lugar tranquilo e silencioso – apesar de movimentado – para fazer as suas orações, pedidos e agradecimentos.
A nova basílica é mais moderna, em forma de círculo e tem capacidade para 40 mil pessoas – 10 mil delas sentadas. O prédio foi inaugurado em 1976 e também é parada obrigatória na peregrinação, já que o manto com a imagem da santa foi transferido para lá.
No Santuário de La Villa de Guadalupe, ou, simplesmente, La Villa, estão concentradas igrejas e duas basílicas dedicadas à Nossa Senhora de Guadalupe – uma mais antiga, do século 16, e a outra mais nova, da década de 1970.
Dicas
A Cidade do México é bem segura, com policiais por todos os lados, mas sempre leve seu passaporte, pois pode ser solicitado para uma verificação. Ao chegar, preste atenção na data carimbada no seu passaporte. Normalmente, eles dão alguns dias extras, mas é bom conferir para evitar surpresas.
O aeroporto é bem movimentado, então prefira contratar um transfer para evitar o caos dos táxis. O Uber funciona muito bem na cidade.
Antes de viajar, pesquise sobre o melhor bairro, os melhores voos e seguros de viagem, e escolha um período sem riscos de terremotos. Aproveite ao máximo as cores e sabores do México!
Por Simone Trino, especial para o Visão Oeste